146. Capítulo 47 - Há Cálculo - 3ª parte

16 5 36
                                    


Capítulo 47 – Há Cálculo – 3ª parte


Echo


'Pessoas' se tratava de um eufemismo. Estacionados do lado de fora de nossas cercas havia dois tanques enormes e um caminhão, e havia tantas pessoas que muitas delas estavam empoleiradas na parte externa dos veículos.

Enquanto um número cada vez maior de civis se reunia para ver os que recém tinham chegado, eu examinava cada um deles. Quase todos usavam roupas militares de cores variadas, com exceção de um. Tratava-se de um homem alto e magro, com cabelo castanho-avermelhado longo e bagunçado e pele pálida. Usava calça jeans desbotada e camisa de manga comprida folgada. Ele estava parado na entrada de nossos portões ao lado de dois outros, um homem e uma mulher.

Parecia que eles eram os líderes do grupo. O outro homem era enorme, com uma tatuagem na cabeça careca e pelos faciais que combinavam com os do outro homem ruivo. A mulher usava uma roupa de camuflagem azul-escura semelhante à do segundo homem e, quando seus olhos escuros estudaram tudo do nosso lado da cerca, encontraram os meus, e eu estremeci.

Uma mão pousou em meu ombro, interrompendo meu olhar para a mulher. — Olá — Genevieve cumprimentou-me com um sorriso e, com cautela, passou um para Imogen, do meu outro lado. Ela acenou com a cabeça para que seguíssemos e, enquanto nós caminhávamos para o portão, Blake nos alcançou. — Vocês têm munição nesses tanques? — foi a primeira coisa que Genevieve indagou ao grupo do outro lado, enquanto apontava para os longos canhões direcionados para a nossa cerca.

O homem careca com calça de uniforme e camiseta preta balançou a cabeça em negação. — Só nas metralhadoras lá em cima — respondeu ele prontamente.

Genevieve levantou uma das mãos para segurar casualmente os elos da cerca, e fazia um trabalho tão bom em manter a calma que até me convenceu. — Você se importa de apontá-las para outro lugar? — O homem não hesitou em soltar um assobio alto e acenar com a mão no ar e, em resposta, os canhões e artilheiros dos tanques ajustaram as miras para longe da base. — O que podemos fazer por você?

— Posso falar com seu líder? — Perguntou ele.

— Sou eu — disse Genevieve a ele. Quase não percebi a contração divertida de sua boca, mas o homem magro ao lado dele soltou uma risadinha diabólica. O careca o cutucou com força com um cotovelo.

— Bom, então — disse o homem com um sorriso. — Minha voz pode ser fácil de ouvir, mas você acha que poderíamos conversar cara a cara?

Genevieve respirou fundo, olhando para Blake e para mim de maneira pensativa. — Posso deixar dois de vocês entrarem.

— Com todo o respeito — o homem apelou — há Ferais aqui fora.

— Com todo o respeito — Genevieve copiou com firmeza — você durou até aqui.

Dessa vez, a contração da boca do homem se transformou em um sorriso de verdade. Ele se virou para dizer algo ao homem magro, que fez uma série de acenos desleixados com a cabeça, e depois fez sinal para que a mulher o seguisse. Eles caminharam até o primeiro portão de entrada e, depois de fechá-lo, passaram pelo segundo. Do lado de dentro, eles se aproximaram de nós quatro, e o homem estendeu a mão.

— Jed — ele se apresentou alegremente.

Ele balançou a mão na fila enquanto cada um de nós dizia nossos nomes, mas quando pegou minha mão, seu olhar caiu. Eu estava com uma camiseta de mangas compridas, no entanto as mangas estavam arregaçadas até os cotovelos, e seus olhos castanhos se detiveram na tatuagem em meu pulso. Por alguma razão, isso me deixou muito desconfortável e eu não queria que ele olhasse para ela. Entretanto foi difícil arrancar minha mão de seu aperto excessivamente firme, como se ele estivesse fazendo de propósito, e, quando desajeitadamente abaixei as mangas, percebi um sorriso nos lábios dele. Quando apertei a mão da mulher - ela se apresentou com sotaque britânico como Mia – minha manga estava abaixada e a tatuagem estava escondida.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora