57. Capítulo 18 - Dê Uma Olhada - 1ª parte

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Capítulo 18 – Dê uma olhada – 1ª parte


Blueskies de Luke Cusato (SoundNet remix)


Dê uma olhada


Dugan


— Ensopado de macarrão com frango ou a última lata de SpaghettiO's? — Perguntei a Kara, ao vasculhar nosso saco de comida. Havíamos entrado em uma pequena cidade ontem à noite e nos esgueiramos até o telhado. Já passava um pouco depois do meio-dia agora, um momento tão bom quanto qualquer outro para uma de nossas duas refeições diárias.

Kara apertou os olhos pensativamente para as latas que eu estava a segurar agora, e então apontou o dedo para frente e para trás entre as duas, como se estivesse fazendo 'uni, duni, tê' em sua cabeça. — Macarrão com galinha — respondeu ela por fim.

Eu dei uma risada de seu método de tomada de decisão e joguei a comida e o abridor de latas para ela. Para mim tirei uma lata de aspargos moles, visto que Kara não conseguia nem engolir os legumes. Eu não podia dizer que a culpava e não me incomodava muito que ela não comesse as coisas saudáveis, visto que provavelmente não havia muito valor nutricional nisso de qualquer maneira.

— Está bem — disse, continuando o jogo que nós jogávamos antes de fazermos uma pausa para escolher a comida. — Esse aqui realmente não tem nenhuma palavra.

Depois que ela acenou com a cabeça, comecei a assobiar a melodia. Kara tinha a mesma idade da minha filha antes do surto e, para uma criança da idade dela, o que passava na televisão na maioria das vezes eram desenhos animados. Então, na última hora, mais ou menos, jogávamos um jogo onde cantávamos as músicas-tema dos desenhos animados, e o outro adivinhava. Foi um jogo surpreendentemente difícil desde há muito tempo, e foi ainda mais difícil para mim, porque eu não prestava tanta atenção quando a televisão estava ligada quanto Kara teria feito.

— Oh! — ela exclamou com lembrança quando terminei de assobiar, e ela estalou os dedos como se isso a ajudasse a adivinhar. — Eu sei — ela sussurrou, e me jogou o abridor de latas antes de sorver um pouco de seu ensopado. — Ed, Edd e Eddy!

— Ei — elogiei-a com uma risada. — Bom palpite!

— Eu tenho uma — disse Kara com um sorriso. — Mas é muito fácil, então vou dizer apenas a primeira linha. — Acenei com a cabeça para que ela continuasse. — Quem é o-o-o-o vive num abacaxi debaixo do mar?

Eu desatei a gargalhar. Eu conseguia imaginar a melodia da próxima linha perfeitamente, no entanto qual era o nome daquela coisa amarela? — Porcaria — eu ri. — Essa era uma das favoritas de Christina... Merda. Me dê uma dica.

— Ele é uma esponja... — Kara me disse categoricamente, parecendo chocada por eu não saber imediatamente.

— Esponja... — Eu disse devagar, estava me lembrando. — Bob Calça Quadrada.

— Você tem uma memória muito boa — ela riu.

— Anos dessas coisas fazem com que seja difícil esquecer. — Dei de ombros e engoli um pedaço de aspargos.

Enquanto nós pausávamos o jogo novamente para continuar a comer, uma rajada de vento passou por baixo da gola da minha jaqueta, me fazendo tremer. Ainda era o início do inverno, entretanto eu subestimei o quão frio um deserto poderia ficar, e eu não ficaria surpreso se realmente começasse a nevar nos meses mais frios de janeiro e fevereiro.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora