142. Capítulo 46 - Os Dois Pés do Outro - 3ª parte

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Capítulo 46 – Os dois pés do outro – 3ª parte


Genevieve


Echo e eu voltamos para a cabine e, assim que ouvi alguém lá atrás bater na janela, coloquei o veículo em movimento. Nos portões, tudo o que tive de fazer foi piscar os faróis altos, e os guardas de plantão os abriram para nos deixar sair. Da estrada do lado de fora do portão desviei para a floresta, indo devagar para que nenhum dos meus soldados saltasse da traseira.

Eu não conseguia ver nada pelo espelho retrovisor porque dois caras estavam de pé, inclinados sobre o teto para ficar de olho enquanto dirigíamos. Também mantive meus olhos atentos, apertando os olhos em meio à chuva para tentar enxergar à frente.

As árvores eram finas o suficiente e o caminhão era pequeno o bastante para que nós pudéssemos seguir em linha reta até o barranco. Lá, tivemos que nos afastar da base, procurando ao longo dela a abertura dos esgotos. Echo havia baixado a janela para ter uma visão melhor.

Depois de alguns minutos a dirigir ao longo da lateral, ela apontou. — Ali.

Parei a caminhonete e saí, caminhando até o início da descida para dar uma boa olhada no portão do túnel. Ele estava instalado na lateral do barranco, que já tinha alguns centímetros a mais de água no fundo por causa da chuva forte. O portão estava escancarado, fora das dobradiças e horrivelmente dobrado, como se tivesse sido atingido por algo maciço ou explodido. Definitivamente, foi assim que os invasores entraram e, por enquanto, tudo o que nós podíamos fazer para consertá-lo era encostar o portão na abertura. Pelo menos dessa forma, nenhum Feral poderia entrar.

— Preciso de dois — eu chamei meus soldados quando comecei a descer a ravina.

Dois deles me seguiram e, juntos, levantamos o pesado portão de volta ao lugar.

Depois que ele ficou em pé, olhei em volta, procurando algo para torná-lo um pouco mais resistente. Meus olhos se depararam com grandes pedras, cujos topos estavam apenas saindo da água.

— Mais algumas — eu disse, ao acenar para elas. — Empilhe essas pedras para mantê-lo no lugar.

Demorou alguns minutos para juntar as pedras, entretanto, por fim, nós tínhamos o suficiente para formar uma pilha de alguns metros de altura em frente ao portão. Mas os invasores não estavam em lugar nenhum, o que significava que se encontravam acampados em algum lugar próximo. Quando começamos a subir a colina em direção ao caminhão, pensei em nossas opções. Connelly – o amigo do Capitão que me ensinou tudo sobre as ervas e os animais da floresta –, também me ensinou a rastrear. Havia marcas de botas suficientes no bueiro atrás do refeitório e eu tinha absoluta certeza de que haveria uma boa trilha para seguir até onde os invasores estivessem escondidos.

Ao chegar ao topo da colina, meus olhos encontraram os de Echo e ela lançou um olhar culpado para o lado, instruindo-me a olhar. Segui o turno e soltei um suspiro ao me deparar com o rosto familiar.

— Cyrus, eu disse para você ficar para trás.

— Eu posso fazer isso — falou ele na defensiva.

Eu tinha dito claramente para ele não vir conosco, porém agora ele estava aqui. Não havia como eu mandá-lo de volta sozinho, não pelos esgotos, e definitivamente não pela floresta. Era muito perigoso. Tampouco poderia deixá-lo sozinho no caminhão enquanto saíamos para encontrar os invasores. Pelo menos ele tinha seu próprio rifle automático, mas veio sem colete à prova de balas porque eu tinha fechado o arsenal antes que ele pudesse pegar um. Com um gemido, larguei a mochila e o rifle no chão e comecei a tirar o colete que usava.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora