16. Capítulo 5 - Tigre! Tigre! - 2ª parte.

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Capítulo 5 – Tigre! Tigre! – 2ª parte


Echo


Ainda assim, o outro homem hesitava. Ele parecia ex-militar, especialmente pelas calças camufladas que usava. Ele tinha que ser. Por que mais ele não atiraria em alguém que estava se rendendo? Quando ele ainda não havia feito nenhum movimento para me matar, o outro soldado pegou e levantou sua própria arma.

— Espere! — Gritei desesperadamente antes que ele pudesse disparar. — Espere, eu conheço Genevieve!

Era isso. Esse era o nome dela. E os dois soldados sabiam a quem eu me referia, porque se entreolharam curiosamente. Aquele que hesitou deu de ombros, e então o outro se virou para gritar pelos telhados.

— Ei — ele gritou com as mãos em concha ao redor da boca. — Ei, Tenente!

De outro telhado, ela olhou em nossa direção e o soldado acenou para ela. Agora eu só esperava que ela se lembrasse de quem eu era e me poupasse.

O grupo tinha conseguido outra ponte, que ela costumava atravessar do telhado, e depois passou por cima de outra até nós. Eu me sentia tão nervosa que poderia vomitar.

— Essa garota diz que conhece você — falou o homem quando ela estava ao alcance da voz.

Ela me encarou, e olhando dela para a enorme faca presa em sua coxa, para o rifle em suas mãos, dei um sorriso nervoso. Genevieve me reconheceu prontamente, no entanto não teve a reação que eu esperava. Suas sobrancelhas se franziram com raiva, e sua boca se curvou em uma careta de desgosto enquanto ela continuava a andar em minha direção. Assim que temi que ela própria pudesse atirar em mim, ela levantou a arma, e a última coisa que vi foi a coronha da arma dela vindo diretamente para a minha cabeça.


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Flashback on - doze anos antes


— Senhoritas, parem de jogar tinta para todos os lugares — alertou minha professora às duas meninas de nove anos que estavam perto de mim.

Elas pararam de rir instantaneamente e olharam para cima, mergulhando os pincéis de volta nas latas de tinta para que pudessem continuar a trabalhar no cartaz. Uma delas, aquela de cabelos ruivos cacheados olhou para mim, e eu dei um sorriso tímido.

Era apenas uma semana depois que a escola começou, e eu ainda era a garota nova. Seus olhos permaneceram em mim por um segundo antes que ela desviasse o olhar sem sorrir, para trás. Eu estava muito quieta e desajeitada para ter feito amigos ainda.

A outra menina, de cabelos pretos e de olhos castanhos tinha a mesa bem ao lado da minha, mas estava muito ocupada a conversar com todos os outros amigos dela para sequer ter me notado ainda.

Dei uma espiadinha em direção às nossas mesas, bem a tempo de ver um dos garotos da nossa turma com a mão na caixa de lápis da menina. Ele a puxou para fora, segurando algo brilhante e reluzente, e enfiou o item em seu bolso enquanto se afastava. Meus olhos caíram culpadamente e terminei a palavra 'carnaval' com tinta azul. Eu queria contar sobre o que ele fez, mas nunca se deve ser uma tagarela.

Minhas irmãs chamavam minha atenção o tempo todo para isso. Então eu mantive minha boca fechada. Depois que terminamos o cartaz, todos nós lavamos as mãos.

Quando voltei para minha mesa, a menina atirava lápis, canetas e palitos de cola para fora de sua caixa. Ela procurava o que aquele garoto tinha levado. Seria considerado delação se você contasse para outra pessoa que não a professora? Bati timidamente no ombro dela.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora