42. Capítulo 12 - Ninguém Dorme - 2ª parte.

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Capítulo 12 – Ninguém dorme – 2ª parte


Dugan


Afastei-me do buraco da fechadura sem saber o que tinha acabado de ver, e um momento depois disparei em direção ao banheiro. Minha esposa trabalhava em um consultório odontológico, então nós tínhamos mais de um espelho bucal por perto. Peguei um e corri de volta para a porta da frente, e depois de ter me jogado de bruços, enfiei a extremidade reflexiva embaixo dela. Enquanto eu ajustava a extremidade que segurava em minha mão para obter uma visão segura, Trish se moveu acima de mim com a finalidade de pressionar seu próprio olho no buraco, e Topper saiu do quarto de Christina para enfiar seu nariz sob a porta.

Foi preciso apertar muito os olhos para conseguir ver qualquer coisa através do pequeno espelho bucal, mas acabei por tê-lo no ângulo correto. Eu quase não queria acreditar no que eu enxerguei uma vez que foi ajustado, e eu estava quase pronto para culpar a minha imaginação. Tratava-se de uma mulher que estava a fazer toda aquele barulho pelo corredor, e meu primeiro vislumbre foi dela arrancar um pedaço fresco de carne do braço do homem.

Foi tão chocante, horrível e angustiante que eu não conseguia desviar os olhos. Até que Topper rosnou debaixo da porta. Isso me tirou do choque, e eu olhei para longe do espelho com o objetivo de empurrar o nariz do cachorro para fora da porta.

— Leve-o de volta para o quarto — eu sussurrei para Trish enquanto agarrava o cachorro pela coleira e o passava para ela.

Enquanto ela o levava embora, voltei a procurar pela fenda. Tive que reajustar o espelho novamente, e o que eu vislumbrei foi mais chocante do que minha primeira visão. Meus olhos entraram em contato com o reflexo de um olhar negro e vazio e, em seguida, uma boca ensanguentada, apenas se abrindo para soltar um rosnado macabro. Antes de reagir ao som, o espelho escapou de minhas mãos e, com um grito assustado, corri alguns metros para trás.

— O que aconteceu? — Trish voltou correndo para a área principal quando eu gritei.

Abri a boca para responder para ela, mas então a mulher do lado de fora bateu com tanta força na porta que sacudiu o apartamento inteiro, e eu praticamente tropecei em mim mesmo ao recuar ainda mais. Foi a primeira vez que realmente comecei a sentir pânico.

— É real — eu sussurrei incrédulo. É real. É real. Não podia ser real.

Houve outra batida forte na porta, acompanhada de um rosnado humano. Isso me despertou para a ação. Imediatamente peguei o controle remoto para desligar a televisão e cessar todo o barulho. Levei Patricia até o quarto de Christina, onde Topper soltou um latido territorial ao ouvir o som da sala de estar.

— Cale a boca — eu ordenei freneticamente antes de fechá-las no quarto, e com meu coração a martelar no peito, no estômago e nos ouvidos, abri o armário do corredor para pegar o taco de softbol de Christina.

Carreguei-o até a entrada, de pé no silêncio tenso e pronto para bater. O único som era o baque ensurdecedor cada vez que a mulher infectada batia contra a porta, e eu nunca deixava de vacilar a cada golpe. Ela batia com tanta força que a porta de madeira se dobrava para dentro a cada golpe, e era uma maravilha para mim que ela não rompesse o centro dela.

Eventualmente, depois de alguns minutos que pareciam horas, parou. Ela desistiu e, depois de enfiar o nariz tão completamente embaixo da porta para farejar que eu podia ver seu queixo manchado de sangue, ela desistiu e vagou pelo corredor. Eu estava tão apavorado com a possibilidade de fazer qualquer barulho que contive meu suspiro de alívio e, em vez disso, caminhei silenciosamente para o quarto de minha filha.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora