169. Capítulo 56 - Tudo se Tornou Realidade - 4ª parte

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Capítulo 56 – Tudo se tornou realidade – 4ª parte


Genevieve


— Não, não, não, o que você está fazendo? — Eu perguntei, já começava a entrar em pânico com a expressão de desculpas no rosto dela. — Abra a porta.

— Me dê sua faca, Genevieve.

— Echo, abra a porta — eu implorei, com lágrimas nos olhos porque eu podia ver a determinação dela. — Echo, não faça isso, abra a porta. — Ela não podia lutar contra eles sozinha, e não havia lugar para correr ou para se esconder.

Ela ergueu a mão e apontou para a arma. — A faca. — Mas sua mão tremia violentamente, traindo ao mostrar o terror que ela tentava tanto não me deixar ver.

— Echo, abra a maldita porta! — Minha voz ficou trêmula enquanto eu agarrava a cerca, sacudindo-a desesperadamente.

— Eles vão entrar em um minuto e você sabe disso — ela sussurrou e respirou fundo. — Essa faca é minha única chance.

— Por favor, não faça isso — implorei e senti uma gota quente cair em minha bochecha. — Estamos juntas, lembra-se? — Estiquei os dois braços para agarrar seus ombros de forma suplicante, como se meu toque, minha voz e meus olhos encharcados fossem fazê-la entender o quanto eu implorava, como se isso fosse mostrar a ela o que eu daria para que ela não fizesse isso. Em vez disso, ela finalmente enfiou um braço e pegou a faca da minha coxa, porque eu não a entregaria a ela. — Echo, por favor!

Depois de pegar a faca, ela soltou a pulseira de seu pulso onde guardava seus grampos de cabelo, e a recolocou no meu. — Aqui, você nunca conseguiu abrir uma fechadura. — Ela tentou sorrir com isso, porém, quando enxergou a expressão frenética em meu rosto, as sobrancelhas dela se franziram de arrependimento. — Eu posso consertar isso — proferiu ela. — Eu preciso fazer isso. Por todas as vidas e por todo tempo que roubei. — Ela ergueu uma mão trêmula para enxugar a única lágrima que desceu por sua bochecha. — Sinto muito. — Então se virou e correu.

— NÃO! — Eu gritei, atirando-me contra a porta.

Atirei-me contra ela por várias vezes, em uma vã tentativa de quebrar as dobradiças enferrujadas da estrutura enquanto gritava, em uma última tentativa de distrair os Ferais de Echo. Quando as dobradiças não cederam, estendi a mão para agarrar a fechadura, puxando-a com toda a força que pude enquanto lutava por cada respiração desesperada e em pânico. Torci-a maniacamente, aplicava tanta força que achei que algo iria se quebrar, a fechadura ou minha mão. Nada.

Eu não conseguia mais ver Echo. Ela havia desaparecido ao virar a esquina e eu não conseguia enxergar através do borrão em meus olhos, mas podia ouvir os rosnados e os grunhidos dos Ferais muito mais próximos do que a entrada. A fechadura não cedia, e não adiantava eu tentar arrombá-la. Nesse estado eu nunca conseguiria abri-la, e meu corpo inteiro tremia tanto que eu provavelmente deixaria cair os grampos. Houve um grito agudo de dor vindo de uma distância invisível.

— Echo! — Eu gritei, ao empurrar Casey para a parte de trás do canil para que eu pudesse ganhar velocidade antes de colidir com a porta.

Toda a estrutura tremeu quando bati meu ombro contra a corrente de arame. O metal penetrou em minha pele, machucou-me até os ossos e cortou uma camada de pele, de modo que o sangue começou a escorrer pela minha camiseta. Fiz isso mais uma vez e ignorei a dor latejante. Porém não funcionava. Echo estava lá fora sozinha com três Ferais e nada além de uma faca. Nada funcionava. Levei as mãos à cabeça, lutava para respirar enquanto procurava por outra coisa. Eu não podia perdê-la.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora