90. Capítulo 30 - Nenhum Homem é uma Ilha - 1ª parte

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Capítulo 30 – Nenhum Homem É Uma Ilha – 1ª parte


Black Flies por Ben Howard


Nenhum homem é uma ilha


Dugan


— Douglas? — Kara repetiu com uma risada. — Seu sobrenome é Douglas? Dugan Douglas. — Ela gargalhava por algum motivo, e eu não pude deixar de dar uma risada só de ver o quão divertida ela se sentia. — Como é que você nunca me contou!

— Eu não tinha ideia de que você se divertiria tão facilmente por conta disso — eu respondi, e então apenas para provocá-la, eu questionei: — Você foi mordida ou algo assim? Está perdendo a cabeça

Através do cinza do início da madrugada, pude ver Kara olhar para Namiko em busca de ajuda. — É tão gratificante dizer isso!

— Tudo bem, garotinha — eu disse carinhosamente. — Qual é o seu sobrenome então?

Ela jogou a bola de tênis que havia encontrado na beira da estrada para o ar e a pegou. — Meu sobrenome, Doogie Doug — ela fez uma pausa para rir do apelido, durante o qual eu lhe dei um leve empurrão carinhoso. Ela então jogou a bola de tênis para Wolf antes de responder, e o cachorro saiu correndo pela estrada atrás dela. — É Ryder. Simplesmente não é tão satisfatório como Doogie Doug.

— Tem um toque especial — eu tranquilizei-a.

Enquanto Wolf trazia a bola de volta para Kara, olhei para cima e para baixo no trecho de duas pistas da rodovia em que nós estávamos a viajar durante a noite toda. Foram quilômetros e mais quilômetros, uma noite inteira de caminhada, e não tínhamos feito um único pit stop desde o início do nosso dia de caminhada.

Pelo menos a área era remota, tão remota que eu duvidava de que haveria um único Feral ou pessoa por perto em qualquer lugar. Também não havia nenhum sinal de nosso perseguidor, não desde ontem – Wolf não havia dado um pio sobre isso a noite inteira – então eu não estava necessariamente preocupado em viajar até o amanhecer.

Eu ainda não sabia o que ou quem estava a nos seguir. Nunca houve mais do que um rosnado de advertência do cachorro e, de vez em quando, uma sombra fugaz. Quem quer que tenha sido deve ter se cansado disso. Ou decidiram que não queriam se dar a conhecer e desistiram, ou talvez que nós não tínhamos nada que valesse a pena tentar roubar e seguiram em frente. De qualquer forma, eu estava mais confortável agora que Wolf não dava sinais de agressividade.

— E quanto ao sobrenome de Namiko? — Eu questionei, ao direcionar minha pergunta para Kara, pois sabia que a mulher teria mais chances de responder à adolescente.

A menina saltou energicamente para andar para trás na nossa frente, de frente para Namiko para esperar por uma resposta. Por fim, a mulher disse baixinho: — Miyake.

— Ei. — Kara fez um aceno satisfeito quando se virou para jogar a bola novamente. — Isso é gratificante também! Só enrola a língua.

Eu sorri de divertimento e, com a nova luz a espreitar no horizonte, pensei ter avistado uma estrutura ao longe. Ao puxar meu rifle para trás levantei o escopo até meus olhos, usando-o para ampliar a arquitetura. Com certeza, tratava-se de um único prédio destruído. Um posto de gasolina, a julgar pelo grande toldo construído sobre a frente do edifício principal. Ainda estava a cerca de um quilômetro de distância, mas pelo menos havia um fim à vista.

— Você está vendo alguma coisa? — Kara perguntou, quando eu abaixei minha arma.

Acenei afirmativamente com a cabeça. — Posto de gasolina, eu acho.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora