Capítulo 14 – Eu Não Quero Jogar – 2ª parte
Echo
O frio da madrugada me fez tremer e, no meu estado de sono, entrei em pânico, pensando que Genevieve já estava acordada e que me pegaria sem as algemas. Quase me levantei para uma posição sentada, mas mesmo com o pânico consegui manter a calma, ao abrir um olho na penumbra do quarto para olhar para ela. Ela ainda estava a dormir de maneira profunda, então o mais silenciosamente que pude eu represei um dos meus pulsos no canto da minha cama. Fiquei feliz por ter acordado naquele exato momento, porque mal tinha me algemado de volta quando ela se virou de lado, de frente para mim. Eu podia dizer que seus olhos mal estavam abertos, olhando para mim, então dei um sorriso inocente.
— Por que diabos você está acordada? — resmungou ela, ao se virar de bruços e cobrir a cabeça com o travesseiro.
— Você estava falando enquanto dormia — eu disse a ela seriamente.
Ela levantou a cabeça apenas o suficiente para se concentrar em mim. — Eu estava?
— Sim — eu assenti, e então acrescentei, em tom de brincadeira: — Você estava falando sobre o quanto você queria me deixar escapar dessas algemas.
— Cale a boca — disse ela, e quase riu enquanto jogava seu travesseiro em mim. — Volte a dormir.
A maneira como ela estava agindo agora, como ela parecia estar de bom humor até agora essa manhã, me fez sorrir. Eu queria continuar a interagir com ela para que ela continuasse sendo amigável comigo. — Echo — eu gemi, inventando coisas enquanto fingia imitar Genevieve, mexendo e virando como se não conseguisse dormir. — Ela está desconfortável. Eu deveria deixá-la sair. — Mas eu estava tornando minha voz mais irritante do que ela realmente soava, e eu podia ouvi-la dar uma risada divertida. — Ela odeia essas algemas. Como ela as teme tanto.
Mesmo que seus lábios tivessem a menor curva daquele sorriso torto e modesto, ela revirou os olhos e virou-se de costas para me ignorar. — Não consigo ouvir você.
Joguei o travesseiro de volta para ela, atingindo-a na lateral da cabeça com ele. — Você pode me ouvir agora?
— Não — ela respondeu, ao colocar o travesseiro de volta sob sua cabeça.
Enquanto eu estava a brincar com ela, as algemas já começavam a ficar desconfortáveis. Eu realmente as odiava. Então eu me sentei, tentando manter algum nível de brincadeira para que Genevieve não ficasse brava com minhas tentativas incessantes de fazê-la tirar as algemas de mim. — Feche os olhos. — Então eu me levantei, e a barraca era pequena o suficiente para que, com uma mão ainda algemada à minha cama, eu pudesse me esticar até a de Genevieve. — Você está ficando com sono — eu cantarolei, ao afastar a borda de seu saco de dormir e ao alcançar minha mão livre em direção ao bolso de sua calça jeans.
Ela não tinha fechado os olhos, e ela estava me observando como se não tivesse certeza se eu realmente ia tentar pegar a chave dela, e se ela deveria ou não ficar zangada com isso. Eu mal enfiei a ponta do meu dedo indicador no bolso dela antes que ela afastasse minha mão.
— Você tem ideia do quão irritante você é?
— Irritante o suficiente para você tirá-las? — Eu perguntei com um sorriso esperançoso, recuando até que eu estava sentada na minha cama.
— Bom Deus, eu preciso de café — suspirou, levantando-se e tirando a chave da calça. Depois que ela a jogou para mim, ela calçou suas botas, e quando desceu da cama ela tremeu, me fazendo perceber o quão frio estava essa manhã. — Vou ver se o Capitão está acordado ainda, descobrir se ele precisa de alguma coisa — ela me disse enquanto vestia seu moletom cinza.
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Caronte Atraca À Luz Do Dia
Fiction généraleHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...