133. Capítulo 43 - Afundando - 2ª parte

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Capítulo 43 – Afundando – 2ª parte


Genevieve


Micah estava recostado no assento almofadado atrás da recepção, parecia entediado enquanto o Doutor Issa e April conversavam com ele. Sorri para todos eles em sinal de saudação quando nós entramos e não pude negar que fiquei um pouco decepcionada quando tudo o que recebi de meu irmão foi um aceno de cabeça.

— O que vocês estão fazendo? — Eu perguntei, ao apoiar os cotovelos no balcão.

— Discutindo teorias — respondeu April.

Acenei com a cabeça em sinal de compreensão e, em uma tentativa de me redimir, perguntei ao Micah: — E você, o que está fazendo? — Ele deu de ombros e, para meu alívio, tinha um sorriso quase brincalhão quando esticou o elástico que tinha nas mãos e o fez voar sobre o balcão em minha direção. — Você já comeu? — Peguei o elástico do chão e o joguei de volta para ele. Ele assentiu com a cabeça. — Quer vir comigo?

— Onde? — perguntou ele, já de pé e dando a volta na mesa.

Enquanto ele me seguia de volta para fora, respondi: — Para o estacionamento. — Eu ainda não tinha ido dar uma olhada no outro Growler que Blake havia prometido que seria meu. — Como você dormiu ontem à noite?

— Não estou acostumado a dormir à noite. — Ele deu de ombros novamente, embora eu não soubesse dizer se era por causa da apatia padrão de sua idade, se ele ainda estava chateado comigo ou se estava apenas um pouco tímido, já que nós não nos víamos há anos.

Em uma tentativa de pensar em algo para quebrar o gelo, perguntei: — Você gosta do seu quarto?

Isso pareceu iluminar um pouco seu rosto. — Tem um PlayStation — ele riu divertidamente e acrescentou: — Se ao menos funcionasse.

— Estamos trabalhando para levar eletricidade para o quartel — disse-lhe, feliz por ele parecer disposto a conversar comigo. — Tenho certeza de que haverá energia suficiente para você jogar de vez em quando.

— Sim? — Perguntou ele com uma descrença satisfeita. Eu acenei com a cabeça. — Legal.

Apertei os lábios em uma concordância incômoda, olhando ao redor em busca de algo mais a dizer. — Quer correr? — Eu ainda tinha aqueles pontos no quadril, mas quase não os sentia mais.

— Para onde? — Perguntou ele, ao levantar a alça da espingarda para tirá-la dos ombros.

— Ah, ah — eu repreendi, ao apontar para a arma e para sua mochila de forma provocativa. — Fique com elas, seu trapaceiro. — Eu não podia deixar meu próprio rifle e minha mochila para trás, e se ele estivesse com os dele, as coisas ficariam mais equilibradas. Ele riu, recolocando a espingarda no lugar. — Para aquele prédio — eu respondi à sua indagação, ao apontar para longe. Apertei as alças da minha mochila para que ela não ficasse balançando enquanto eu corria. — Vamos ver o que você tem de preparo físico. — Nós dois nos colocamos em posição, inclinando-nos para a frente com expectativa. Para provocá-lo ainda mais, saí a correr, gritando por cima do ombro: — Vai!

Pude ouvi-lo rir atrás de mim, mas levou apenas alguns segundos para que ele me alcançasse e, antes que eu percebesse, ele já havia me ultrapassado. Corri com mais energia, tentando com todas as minhas forças me manter no mesmo ritmo, porém ele foi mais rápido do que eu poderia prever. Quando cheguei ao nosso destino, ele já estava lá há alguns segundos.

Eu me sentia ofegante e, ao ver como eu estava sem fôlego, ele riu. Pelo menos ele também respirava pesadamente. — Eu sabia que um dia você seria mais rápido do que eu — eu disse a ele.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora