156. Capítulo 51 - Presa no Meio - 1ª parte

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Capítulo 51 – Presa no Meio – 1ª parte


Strong de London Grammar


Presa no Meio


Genevieve


Meus olhos se abriram para o brilho pálido da luz que entrava pela janela do quarto de Echo e, enquanto piscava para afastar o borrão de cansaço, minha mente processou mais do mundo ao meu redor. Eu podia sentir que era mais cedo do que sete da manhã. Experimentava o leve frio do lado de fora que ainda não havia se dissipado com o sol. Pude sentir um braço quente a envolver minha cintura e o calor de um corpo a poucos centímetros de minhas costas. Echo tinha feito isso. Ela tinha encontrado coragem para me abraçar. E isso foi muito mais reconfortante e encantador do que eu jamais imaginei que seria.

— Você está acordada — falou Echo em um sussurro suave.

Eu não havia me mexido nem me deslocado desde que despertei. Nem sequer fiz um som. — Como você sabe?

Comecei a estender a mão por baixo de mim, e ela deve ter presumido que eu ia tirar seu braço, pois começou a puxá-lo para se desvencilhar de mim. Entretanto, não era isso que eu queria. Então, peguei sua mão antes que o braço dela desaparecesse, de modo que eu pudesse abraçá-la em meu peito.

Embora eu não estivesse a olhar para ela, pude ouvir o sorriso em sua voz quando ela respondeu: — você respira diferente quando está dormindo — e se aproximou ainda mais.

Isso a pressionou contra mim, enquanto o braço dela se apertava ao redor do meu tronco, de modo que eu podia sentir cada contorno de sua frente contra as minhas costas, e cada curva dos quadris dela e de suas pernas embalava cada uma das minhas. Parecia tão natural, tão perfeito que não achava que poderíamos ter nos encaixado melhor se eu de fato me fundisse dentro dela.

— Você está acordada há muito tempo? — Eu perguntei, ao traçar o comprimento de seus dedos perto do meu peito. Ela murmurou uma confirmação. — Você poderia ter me acordado.

Ela estava tão perto que senti a respiração difícil que ela soltou contra minha nuca. — Eu estava com medo.

Não precisei perguntar para saber o motivo. Ela pensou que eu a faria parar. Achou que eu colocaria distância entre nós e talvez até ficasse brava por ela ter se aproximado tanto. Eu queria me virar para olhá-la, beijá-la enquanto a deixava tranquila, mas a maneira como nós estávamos agora era tão boa que eu não conseguia me mexer.

— Eu queria isso.

Ela cantarolou com conhecimento de causa. — Mas especular sobre o que você quer sempre me trouxe problemas.

— É justo — eu disse com uma leve risada e senti seu peito tremer com uma diversão espelhada enquanto seus lábios tocavam minha nuca.

Foi um beijo mínimo e breve, mas foi em um ponto que disparou todas as terminações nervosas do meu corpo, fazendo com que eu me mexesse involuntariamente. Isso deve tê-la divertido, porque ela fez isso de novo. A reação foi mais intensa dessa vez, fazendo com que eu me contorcesse para a frente de forma espástica. Entretanto ela continuou a beijar minha nuca repetidamente até que eu não aguentasse mais e bufasse de tanto rir.

— Isso faz cócegas! — Eu gritei, colocando a mão na nuca para bloqueá-la, mas ela deu um último beijo nos nós dos meus dedos.

Ela era tão calorosa quando eu a deixava agir da maneira que queria, tão brincalhona e gentil. Ao não forçá-la a se conter e a se proteger, eu finalmente conseguia o que tanto desejava: acesso a algumas partes dela que não foram criadas pela invasora. Essa era ela. Não a casca criada como defesa, não o coração endurecido essencial para a sobrevivência. Era ela, Echo em sua forma mais pura.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora