164. Capítulo 55 - Coisas que me Mantêm Viva - 1ª parte

17 5 36
                                    


Capítulo 55 – Coisas que me mantêm viva – 1ª parte


This is the Thing by Fink


Coisas que me mantêm viva


Echo


Eles pararam de me segurar no momento em que parei de me debater, e todos deram um passo para trás. Eu estava deitada no chão, mal conseguia abrir os olhos por causa da névoa em minha cabeça, por causa da onda após onda que corria em minhas veias. As lágrimas não mais escorriam com força. Elas também haviam cessado. A umidade que deixavam no meu rosto era fria e cortante, no entanto não me incomodava.

— E agora? — Perguntou uma voz grave.

— Vocês dois fiquem de olho nela — respondeu Jed e, em meio ao borrão, eu o vi agarrar um cara pela camisa, puxando-o para perto de mim. — Vou deixar isso bem claro. Ninguém bate nela, ninguém transa com ela, ninguém a toca. Entendeu? — O homem assentiu apressadamente com a cabeça. — Se eu pegar alguém e a culpa for sua, deixarei Murph esfolar vocês dois vivos. — Dessa vez, Murph assentiu em vigoroso uníssono com o homem. — Voltarei em algumas horas.

A sala se esvaziou e ficou em silêncio. Eles me deixaram aqui com dois homens e uma pedra. Não sei quanto tempo fiquei ali deitada depois que os homens desapareceram de vista. Eu podia ouvi-los conversar de vez em quando, em algum lugar próximo, mas me sentia pesada demais para me mover. Havia luz a entrar pelas janelas quadradas das grandes portas do armazém e, por fim, não aguentei mais. Rolei para o outro lado, para longe da garagem, e finalmente os encontrei. Eles jogavam um jogo de cartas. Eu não deveria estar aqui. Genevieve provavelmente me procurava.

Eu me virei de barriga para baixo, gradualmente passando os braços por baixo de mim para tentar me levantar. Foi um esforço, entretanto consegui me erguer até os cotovelos e depois até os joelhos. Quando coloquei um pé no chão, um dos homens se aproximou, rindo.

— Aonde você vai? — Perguntou ele ao me agarrar.

Tentei empurrar suas mãos, mas não consegui e balancei tão sonolenta que caí de costas sobre minhas mãos e joelhos.

O homem me deu um leve empurrão, rindo quando caí completamente de lado, mas ele não saiu do lugar quando eu estava no chão novamente. Ele se ajoelhou e ficou a me olhar, com a cabeça inclinada para o lado, com um foco astuto.

— O que você está fazendo? — Perguntou o outro depois de um tempo.

— Apenas olhe para ela — respondeu ele, olhando por cima do ombro para seu companheiro. — Diga-me que não quer.

— Vou lhe dizer o que não quero — respondeu o outro — não quero ser esfolado vivo.

O homem ao meu lado zombou: — Você não acredita nisso.

— Eu já vi o Murph fazer isso.

O homem finalmente se levantou e se afastou de mim. — Besteira.

— Estou lhe dizendo — argumentou o outro — aquele maluco é ensandecido. Você não quer se meter com ele.

Eu os ignorei para acalmar a agitação em minha cabeça. Depois de algum tempo, já não me sentia tão pesada e, embora o calor ainda estivesse a me percorrer, consegui me sentar. Puxei os joelhos para junto do peito e, depois de passar os braços em volta deles, inclinei a cabeça para a frente.

— Está se divertindo aí? — Provocou o homem cautelosamente. Consegui lhe mostrar o dedo do meio.

O imprudente riu disso. — Posso ver por que Jed gosta dela.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora