Capítulo 16 – Gelado até a medula – 3ª parte
Genevieve
Blake apareceu ao mesmo tempo em que Echo e eu nos levantamos, agarrando meu braço para que eu não fosse para cima dela novamente. Entretanto eu me afastei dele, atacando Echo e levando-a ao chão mais uma vez. Eu estava na mesma posição exata, no entanto antes que eu pudesse dar outro golpe ela agarrou meus pulsos.
— Genevieve, pare — ela implorou, lutando para se segurar enquanto eu tentava puxar minhas mãos para fora de seu controle. — Não quero machucá-la.
— Isso é tudo o que você sempre faz! — Eu rosnei através da agonia que sentia, puxando meu braço direito com força e finalmente conseguindo puxá-lo livremente.
Nem um momento depois que eu saí ela soltou a outra mão do meu pulso, empurrando sua parte superior do corpo do chão o suficiente para que ela pudesse envolver seus braços em volta do meu pescoço antes que eu desferisse outro soco. Seus ombros tornaram a se encontrar com a terra novamente quando me derrubou com ela, e ela tinha um controle tão apertado sobre mim que eu não conseguia alavancar o suficiente para socá-la. Eu ainda tentei. A única parte dela que eu conseguia alcançar enquanto ela me segurava assim eram suas costelas, mas eu ainda jogava meus punhos nelas o mais forte que podia. Eu sabia que doía porque a pegada dela no meu pescoço apertava cada vez com dor, no entanto não era o suficiente para que ela me soltasse.
— Por favor — implorou Echo. Quando meu golpe não funcionou, eu me contorci, em uma tentativa de me libertar de seus braços. — Sinto muito.
Eu estava tão ressentida, zangada e frustrada que podia sentir lágrimas nublar meus olhos e fazê-los arder. Empurrei-me contra o chão com tanta força que nos levantou alguns centímetros, porém ela ainda não havia me soltado.
— Deixe-me ir! — Eu gritei suplicante, empurrando-a novamente e depois caindo propositalmente sobre ela com força enquanto nós duas batíamos na terra, esperando que isso fizesse com que seu aperto se soltasse.
— Sinto muito por tê-los matado — ela resmungou, quando nos derrubei no chão novamente, o que tirou um pouco de ar dela.
Minha frustração havia atingido o pico, no entanto seu pedido de desculpas final trouxe de volta o dobro da dor severa que eu vinha sentindo o dia todo. Trouxe de volta a agonia que ela me fizera sentir apenas um minuto antes.
— Deixe-me ir — eu implorei novamente, empurrando mais freneticamente enquanto sentia as primeiras lágrimas correrem de meus olhos. — Eu te odeio. Deixe-me ir. — Eu só lutei por mais alguns segundos antes que minhas próximas palavras saíssem em um soluço: — Echo, por favor.
Eu não conseguia mais lutar. Eu estava muito exausta. Eu caí em cima de Echo, desistindo completamente da ideia de me libertar por conta própria e incapaz de tentar mais, por conta do cansaço e das lágrimas. Eu não conseguia nem dar uma palavra sequer. Havia acabado de me deitar ali, soluços frustrados fazendo meu peito encostar no dela. Ela tinha ficado tão quieta quando eu desabei, porém agora seu aperto se soltou do meu pescoço, e mesmo que meu rosto estivesse enterrado contra seu ombro, eu podia senti-la virar a cabeça para me olhar. Talvez ela estivesse em choque por eu estar realmente chorando, talvez ela não tivesse certeza se era uma manobra para pegá-la desprevenida, mas como ela havia afrouxado o controle e eu não estava mais lutando, isso parecia muito um abraço. Não podia negar que foi um alívio deixar as lágrimas correrem. Eu as estava segurando desde que ela chegou aqui, e senti um pouco da minha frustração diminuir. Entretanto não seria Echo. Não podia ser. Não podia deixar que fosse ela quem me consolasse. Não quando havia sido ela quem causou todo esse sofrimento.
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Caronte Atraca À Luz Do Dia
Ficção GeralHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...