19. Capítulo 5 - Tigre! Tigre! - 5ª parte.

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Capítulo 5 – Tigre! Tigre! – 5ª parte


Echo


Genevieve notou que eu acordava e lançou um olhar rígido na minha direção. — Carregar você para todos os lugares está começando a ser uma chatice e tanto.

— Talvez se você não continuasse a me bater na cabeça eu não continuaria desmaiando — eu disse ferozmente. April terminou com Genevieve e foi até mim, começando a limpar meu lábio novamente rachado.

— Talvez se você não fosse um pedaço degenerado de merda eu não continuaria batendo na sua cabeça — rebateu Genevieve, pulando da mesa.

— Perdão, como é? — Meu queixo caiu e eu empurrei a mão de April para longe enquanto me levantava. — Nenhum de vocês sabe o que eu passei. Sobrevivi da melhor maneira que sabia.

— Violentando, roubando e assassinando — ela ironizou. — Mas estou contente que você tenha vivido confortavelmente.

— Sim, quer saber de uma coisa, eu vendi minha alma porque eu estava com medo! — Eu gritava, minha frustração aumentava, porque eu não conseguia entender por que ela me tratava dessa maneira. Nós nunca estivemos próximas o bastante, mas ela me conhecia melhor do que isso. — Digamos que por um segundo você até tenha uma ideia do que diabos está falando, tenho certeza de que você fez coisas das quais se arrepende.

— Sim! Trazer você até aqui em vez de atirar em você no telhado! — Gritou ela, e foi como um golpe no estômago, um golpe que só alimentou minha fúria.

— Sério, Genevieve, qual é a porra do seu problema? — Perguntei e, como sempre fiz, escondi minha dor com sarcasmo. — Um Invasor roubou o dinheiro do seu almoço?


Seu rosto ficou visivelmente vermelho, e ela praticamente rugiu para mim: — Você matou meu pai e meu irmão!

— O quê? — Minha raiva diminuiu aos poucos, transformou-se em confusão instantânea. — Eu não matei... — Mas eu estava tão desnorteada que não conseguia nem terminar uma frase.

— A escola primária — disse ela, que não mais gritava, no entanto ainda me olhava com ressentimento venenoso. — Duas semanas após o surto. — Eu não tinha certeza no início e tive que pensar sobre isso, mas depois meu estômago deu um nó, porque eu tinha estado lá. — Tínhamos um grupo postado lá. À noite, um bando de nós saiu para procurar suprimentos e deixamos as poucas crianças na escola com duas mulheres. Havia um guarda no portão. Isso tudo traz alguma lembrança a você? — Parecia tão familiar que tive que me sentar. Essa foi uma das primeiras viagens que fiz com o grupo do Leon. Nós éramos quinze naquela época. — Você se lembra do que aconteceu com o guarda? — Questionou Genevieve. Atiraram nele, meu primeiro gosto real de violência desnecessária. — Não fomos os únicos a ouvir o disparo. Os ferais também ouviram. Meu pai correu em uma tentativa de salvar quem pudesse, mas ele também não conseguiu sair.

Minha garganta estava seca, então minha voz saiu rouca. — Como você sabe que eu estava lá?

— Não tente me dizer que você não estava lá! — Ela respondeu de forma contundente. — Eu estava com o Capitão. Eu vi você com o binóculo de visão noturna dele.

Eu estremeci rapidamente para que ela não visse as lágrimas evidentes em meus olhos. O que eu poderia dizer? Nós não sabíamos que havia crianças no prédio, mas isso não significava que tudo estava bem. Pelo menos agora eu sabia por que ela me odiava, por que a minha história não significava nada para ela.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora