Capítulo 46 – Os dois pés do outro – 4ª parte
Genevieve
— Opa, ei — disse Echo, ao entrar na frente de Imogen para afastá-la de mim.
Toquei meus dedos na ardência em minha carne enquanto meus próprios olhos se enchiam de lágrimas, no entanto, Echo não precisava se colocar entre nós. Mesmo que Imogen não parecesse muito triste para fazer mais do que me dar um tapa, eu não teria retaliado de qualquer forma e, sem dizer mais nada, ela saiu a correr.
Echo se virou, com os olhos cinzentos cheios de preocupação. — Você está bem?
Eu sabia que alguns soldados tinham visto, e ainda podia senti-los me observar. Limpei a única gota que escorria pela minha bochecha e acenei com a cabeça, não querendo que eles vissem que eu podia chorar. Depois que acenei com a cabeça, Echo olhou na direção em que Imogen havia desaparecido e, em seguida, de volta para mim por um momento, antes de procurar novamente à distância. Ela parecia dividida. Eu sabia que ela e Imogen tinham se tornado amigas desde que chegamos aqui e, mesmo que isso me deixasse com ciúmes, a preocupação no rosto de Echo era óbvia.
— Vá — eu murmurei, inclinando a cabeça na direção de Imogen. As sobrancelhas de Echo se ergueram em estado de choque. — Encontro você do lado de fora do refeitório daqui a pouco.
— Você está bem? — Ela perguntou inseguramente, quase parecendo relutante em ir embora.
Eu não estava bem, e nós duas sabíamos que ela podia perceber isso. Mas o que eu queria era abraçá-la, deixar escapar algumas lágrimas para que ela pudesse me fazer sentir melhor sobre a decisão terrivelmente estúpida que eu tinha acabado de tomar. Nós duas também sabíamos que eu não faria isso com os soldados por perto.
— Estou bem.
Echo me observou por alguns momentos atentamente, depois retirou o colete e correu para onde Imogen havia desaparecido.
Eu o peguei do chão e o coloquei de volta em seu lugar dentro do arsenal, em uma tentativa de, desesperadamente, não pensar no que havia acontecido. Tentava desesperadamente não me culpar.
Eu pensava repetidamente no que o Capitão teria feito. Não havia muitas alternativas. Provavelmente nada teria sido diferente. Porém isso não impediu a culpa, piorada pelo fato de eu ter dito a Imogen que não levaria Cyrus comigo. Eu sabia como era perder um irmão.
Blake não comentou nada enquanto eu trancafiava o arsenal e, depois que o lugar foi trancado, ele seguiu silenciosamente ao meu lado até o complexo médico. Parou de chover enquanto nós caminhávamos, mas isso não ajudou em nada a melhorar o clima. No complexo médico, verifiquei como estavam meus soldados feridos. Um deles precisava de alguns pontos e o outro apenas de um curativo. Entretanto, nós tínhamos perdido mais duas pessoas para o veneno, e outras três se encontravam em estado crítico.
Blake ficou para trás para passar um tempo com Casey e ajudar, mas eu fui para o refeitório, desesperada para ver Echo. Desesperada por um toque reconfortante, ou mesmo uma palavra, ou um olhar. Ela não estava lá quando cheguei. Normalmente, eu a chamaria pelo rádio portátil, no entanto, se ela ainda estivesse com Imogen, não queria que minha voz as interrompesse. Então, entrei na sala onde Aminah e alguns outros preparavam o almoço.
— Olá — eu cumprimentei, sem nem mesmo conseguir dar um sorriso meio tímido. — Echo já passou por aqui?
Para minha surpresa, Aminah acenou com a cabeça positivamente. — Ela estava esperando lá fora por um tempo. Depois seu irmão apareceu e eles saíram juntos.
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Caronte Atraca À Luz Do Dia
Fiction généraleHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...