~Pov Ioan~
Estava sento em cima da muralha que cercava a cidade de Tot. Olhava para frente, enquanto não ouvia nada além do canto dos pássaros, que passavam por mim. A cidade estava vazia demais e aquele silêncio causava certa estranheza. Até mesmo depois do anúncio do combate iminente não foi o suficiente para calá-la, mas parece que no fim o medo ainda foi maior. A tensão parece ter engolido toda a vida daquela cidade.
— Está tudo bem...
Olho para o lado, de onde veio a voz. Ao meu lado estava aquela pequena garota de sempre. Sendo tão nova e mesmo assim tendo que lutar nessas batalhas... Bem, é por isso que estou me tornando mais forte. Quero proteger aqueles que desejo, mas tive muito tempo para refletir nesse último mês depois da declaração de guerra. Para conseguir protegê-los preciso cumprir o papel para qual fui chamado.
— Você precisa parar de aparecer dessa forma — falo dando uma risada. — Vai acabar matando alguém de susto algum dia desses.
Alícia sorri quando falo isso. Ela definitivamente está gostando disso, essa é uma habilidade perfeita para alguém que gosta de pregar peças como essa garota. Quem diria que iriamos descobrir esse seu lado infantil dessa forma, sempre foi tão madura para sua idade. Fico feliz com essa mudança que está acontecendo desde que chegamos a essa cidade, também preciso agradecer Maria depois, afinal, também é responsável por grande parte disso.
— Está tudo pronto — diz a garota se levantando.
— Estava começando a relaxar — resmungo enquanto me levanto e estico os braços um pouco. — Então, vamos nessa.
Um portal surge poucos centímetros a nossa frente e com um simples passo o cenário muda completamente. Antes, estava vendo as montanhas pelas quais chegamos há quase um ano atrás, mas agora em nossa frente surge aquele campo de treinamento de sempre. O local estava cheio de soldados, normalmente já era lotado e sempre estava ocorrendo treinamentos, agora parecia ainda mais cheio do que o normal.
Em nossa frente estavam Maria, Hideki e Seiji. Alícia, assim que sai do portal, começa a andar na direção oposta a que vou, onde estavam Bianca e os outros dois. Me aproximo do trio, o comandante com a grande armadura negra completa — apenas sem o capacete —, começa a balançar a mão me cumprimentando. Respondo com um sinal.
— Quantos temos? — pergunto.
— Temos nove mil soldados — responde Maria com uma expressão amarga.
Isso é pouco, principalmente quando pensamos quantas pessoas moram nesta cidade. Mesmo que houvesse um péssimo recrutamento ainda deveríamos ter conseguido mais de dez mil, um décimo das pessoas.
— São poucos...
Suspiro ao mesmo tempo que Maria.
— Vocês realmente estão em sincronia — comenta Seiji. — Sabiam que... — Ele tenta falar algo, mas é impedido por Hideki, que rapidamente tampa sua boca e olha para nós com um sorriso sem graça.
Deixamos eles de lado e continuamos a conversar sobre o exercito.
— Não poderíamos obrigar as pessoas a se alistar — reclama Maria. — Além disso, somos um país construído com muitos estrangeiros, o que acaba pesando nas nossas forças armadas.
Olho para ela e a observo por algum tempo, parece outra pessoa. Hoje pela manhã, quando nós quatro nos reunimos pela primeira vez, ela estava completamente destruída, parecia que não havia dormido há dias, o que provavelmente deve estar acontecendo. No entanto, agora estava bem novamente, como se tivesse sido revigorada por algo.
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O Recomeço em um mundo de RPG
FantasySofrer por causa do erro de outras pessoas, isso resume bem a vida de um jovem garoto, mas mesmo com tudo e todos conspirando contra ele conseguiu sobreviver. Quem iria imaginar que alguém que sobreviveu a praticamente tudo morreria de um jeito tão...