Capítulo 105 - Periferias de Tot

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Hoje é um dia frio, como costuma ser nessa época do ano em Tot, porém é a primeira vez que passamos por essas geadas na situação em que estamos.

Estou preparando uma sopa para tentar nos aquecer pelo menos um pouco.

— Mesmo sendo meio dia ela ainda não acordou... — suspiro. — Sua doença parece estar pior do que nunca.

Enquanto tirava a panela do fogo ouve sua irmã, que havia acabado de acordar, tossindo. Rapidamente coloca a panela em cima da mesa e vai até seu quarto.

— Você está bem? — pergunta se aproximando e medindo sua temperatura.

Ela tosse mais algumas vezes antes de conseguir me responder.

— Estou sim... — Tosse mais uma vez. — Não precisa se preocupar.

A pele de sua irmã, que já é pálida normalmente por ter puxado muito de nosso pai, está ainda mais, dando um ar de muita fragilidade, ainda mais quando levado em conta o quão magra estava.

Pego um cantil, que costumo sempre manter com água ao lado de sua cama, e entrego a ela.

— Beba, vai ajudar um pouco com a tosse.

Como ainda está muito debilitada, seguro o cantil enquanto bebe.

— Já estou me sentindo melhor, desculpe por preocupá-lo — diz com um fraco sorriso.

Me levanto e vou até a janela. Ela está tampada por tábuas, pois havia quebrado e não consegui material para consertá-la adequadamente, então tampei quase completamente para o ar frio não entrar. Porém, ainda há algumas brechas pelas quais consigo olhar para o lado de fora.

Estava completamente claro, embora parecesse que estava de noite se olhar para o lado de dentro. Algumas pessoas podiam ser vistas passando.

— Não tem problema, acabei de terminar o almoço, irei lhe trazer um pouco.

A comida que havia conseguido já estava acabando, até mesmo essa sopa foi feito com as últimas coisas que tinha, tenho que tentar conseguir mais alguma coisa, pelo menos para os próximos dias, até que o frio diminua um pouco para conseguir algum trabalho.

— Você consegue ficar sozinha por algum tempo? — pergunto.

Ela faz uma cara amarga, mas balança a cabeça em afirmação.

Me levanto e vou até uma velha cômoda em frente a sua cama, abrindo a última gaveta e pegando uma pequena faca. Em seguida, caminho em direção a porta.

Quando passo ao lado de sua cama sinto um puxão em minha camisa.

— Você vai fazer isso de novo? — Sua voz está baixa.

— Sei que não deveria fazer isso, mas precisamos pelo menos essa última vez. — Tiro sua mão gentilmente da minha camisa. — Você não precisa se preocupar com nada, apenas durma mais um pouco, ainda está muito fraca.

Faço deitá-la mais uma vez. Seu colchão tem a aparência um pouco suja, mas era apenas por ser velho demais. Me dói o coração ter que deixar minha irmã nessa situação, mas não posso fazer nada sobre isso, pelo menos até que ela fique melhor e possa trabalhar mais. Além disso, em breve terei quinze anos e poderei me tornar um aventureiro.

Cubro Miruli com um cobertor que eu "achei" esses dias, ponho a mão em sua testa, ela está com febre novamente.

— Vou voltar logo.

Beijo sua testa, quando vou me levantar sinto que ela estava segurando minha camisa novamente, porém em pouco tempo cai no sono, solto sua mão de mim e coloco ela em cima de seu peito.

O Recomeço em um mundo de RPGOnde histórias criam vida. Descubra agora