Capítulo 37 - Fantasma do passado

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Me espreguiço na cama e solto um leve bocejo.

— Que tal ficarmos deitados na cama... O dia inteiro? — pergunto.

— Infelizmente não posso — diz se sentando na cama. — O trabalho está à minha espera.

Ela se levanta e segue até o guarda-roupa, a observo enquanto mexe nas portas e gavetas pegando algumas roupas.

— Que bela visão — falo.

— Idiota — diz pegando algumas roupas minhas que estavam jogadas no chão e jogando em meu rosto. — Se veste logo.

— Ok, ok. — Pego as roupas e me levanto. — Vou fazer o café da manhã, apenas se arrume — falo saindo do quarto.

Agora estou na sala, que também é a cozinha. Yasmin tem um pequeno apartamento no centro da cidade, ainda está pagando as prestações, mas pode se dar ao luxo de dizer que tem uma casa própria, algo difícil de se conquistar nesta cidade.

Vou até a pia, pego uma panela e a encho de água do filtro, em seguida coloco no fogo, começo a preparar um café. Consigo ouvir o som do chuveiro sendo ligado. Depois vou até o pequeno armazém ao lado da geladeira.

'Esqueci que não fizemos compras esse mês.'

— Estamos sem nada para o café da manhã, vou ir na padaria comprar algumas coisas — falo alto para que possa me escutar de dentro do chuveiro.

Quase que instantaneamente pode-se ouvir o barulho do chuveiro cessar e sons passos ligeiros que aumentava ao se aproximar. Yasmin aparece na sala, pingando por não ter conseguido se enxugar e coberta por uma toalha branca.

— Fique em casa, eu vou. — diz com um rosto sério.

Dou uma pequena risadinha. Ela foi a única pessoa que confiei completamente desde que minha vida se tornou uma bagunça, a primeira a escutar tudo que tinha acontecido comigo, mas mesmo com tantos problemas que trazia também foi aquela que me aceitou. Era tão paranóica quanto eu, tinha medo de que nunca mais voltasse ao sair por aquela porta.

— Não se preocupe. — Caminho até ela enquanto falo e dou um beijo ligeiro em seus lábios. — Vou rápido, apenas comprarei algumas coisas, apenas termine de se arrumar, talvez chegue antes mesmo que consiga estar pronta.

Assim como era uma constante sua preocupação também era rotineira as palavras "Não precisa se preocupar" que dizia a ela.

— Você sabe muito bem o que deve fazer — diz a mulher enquanto me distancio dela. — Não fale com estranhos, apenas vá e volte o mais rápido possível.

Pego um boné e um óculos escuros, os mantenho perto da porta, afinal, preciso deles sempre que vou sair.

— Nesse momento você falou exatamente como uma mãe. — Os visto e vou até a porta.

— Apenas pare com as gracinhas, vá e volte correndo! — grita.

— Certo, certo. — Aceno em despedida e fecho a porta.

Ao sair do apartamento me deparo com a cena de sempre. Um pequeno salão com várias portas ao redor, na parte da frente apenas as escadas, estávamos no terceiro andar de um prédio de cinco. Desço os degraus, no caminho passo por um homem vestindo um sobretudo, normalmente ficaria preocupado, mas já havia o visto diversas vezes, era o vizinho de Yasmin.

— Bom dia. — Ele cumprimenta.

— Bom dia. — O respondo e continuo meu caminho de sempre.

Saindo do prédio fecho a porta de entrada. Realmente não gosto da ideia de viver em local que não tenha portaria ou algo do tipo.

O tempo não estava tão diferente de sempre, mas assim que dou o primeiro passo em direção a rua uma brisa passa arrepiando meu corpo. Desde que cheguei a este país estou sentindo muito frio, talvez tenha passado muito tempo ao sul.

O Recomeço em um mundo de RPGOnde histórias criam vida. Descubra agora