Capítulo 152 - Guerra de Tot (Parte 8)

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~Pov Ioan~


O inimigo parece perder sua atenção quando tudo ao nosso redor escurece. Coloco meus dois pés em seu peito e chuto, me jogando para trás. Nem ao menos pensei se poderia ou não andar naquele local, afinal, era apenas uma grande escuridão ao redor. Apesar disso, ainda assim consigo ficar em pé, na mesma altura do adversário.

— Onde estamos? — pergunto ficando em posição de combate.

Tento banhar minhas lâminas com magia negra, era a única forma em que havia encontrado de feri-lo, mas minhas esperanças são esmagadas. Uma fina camada negra surge no fio da espada, mas apenas por alguns segundos, pois a magia se dissipa. Mesmo possuindo tanto controle sobre o elemento. O soldado não havia demonstrado a habilidade de consumir minhas magias quando uso elemento das trevas, isso quer dizer que estou sendo afetado por causa do local onde estamos.

Olhando ao redor e tentando analisar o local, percebo que lembra o reino divino. Ainda podia sentir meus pés tocarem o chão, mesmo não podendo diferenciá-lo do restante do cenário. Porém o sentimento de ter meu corpo físico, pela primeira vez, em um local assim. Me sentia mal naquele local, talvez esse seja o sentimento de está em uma sala completamente branca sem som.

Lembranças e sentimentos negativos vinham à tona. Meus membros tremiam, mesmo não possuindo nada que pudesse me ameaçar, pelo menos que podia ver.

— Acredito que seja o primeiro habitante do mundo mortal a visitar o Limbo — diz o solado olhando ao redor, sem muito interessante enquanto colocava as mãos na cintura. Até mesmo lembrava alguém visitando um local nostálgico. — Retirando aquele espírito que Nahemah trouxe, obviamente. Entretanto, acredito que aquilo não pode mais ser considerado um habitante do plano mortal.

O homem olha fixamente para a direita, desconsiderando completamente o adversário com o qual lutou há pouco tempo. Agora, longe do campo de batalha, onde diversas intenções hostis eram dirigidas em minha direção pelos soldados atrás da barreira, não conseguia sentir nenhuma hostilidade vinda dele. Aprendi a confiar completamente em meus instintos, afinal, desde que renasci com esse corpo acabei sendo salvo diversas vezes por ele. Por isso, mesmo parecendo irracional, abaixo um pouco minha guarda em sua frente.

— Limbo? — falo um pouco confuso.

Essa era a oportunidade perfeita para atacá-lo, acredito que provavelmente conseguiria feri-lo, mesmo sem poder usar meu elemento mais forte. No entanto, poderia acabar ficando preso naquele local, sem saber onde realmente era "aqui" ou se possui alguma forma de sair.

— Você conhece os planos mortal e divino, certo? — O homem diz como uma afirmação, passando a sensação de que sabia sobre os encontros que tive com aqueles deuses. — Entre esses dois planos existe um pequeno espaço, esse local serve como uma separação entre os dois, pois energias diferentes não podem se misturar em grande quantidade.

Algo entre esses dois planos? Então posso estar próximo do reino divino?

— Então, estamos neste espaço?

Mesmo acreditando que suas palavras são reais, ainda o questionava. O sentimento era completamente diferente do que senti quando fui ao plano divino, o que aumentava ainda mais minhas suspeitas. Os dois encontros com os deuses foram marcantes, mas não apenas pelo encontro com as divindades — até porque o deus estagiário, o primeiro que encontrei, parece tirar parte do peso desses encontros —, mas pela sensação que tive ao estar naqueles locais. A paz e conforto daqueles locais deixavam um sentimento de desejo, como se estivesse precisando mais daquela sensação após prová-la uma vez, embora não fosse tão avassalador como a descrição de usuários de drogas ou de algum tipo de abstinência.

O Recomeço em um mundo de RPGOnde histórias criam vida. Descubra agora