Capítulo 96 - Entrando no covil

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Coloco ambas as mãos na grande porta. Não podia sentir a presença do demônio logo depois da sala, ele estava mais longe dentro da sala.

— Vocês duas irão ficar para trás? — Olho para o lado.

— Sim, não irei interferir em seu combate — diz Nahemah encostando na parede. — Além disso, já sei qual será o resultado de qualquer forma.

Espero que no fim seja eu que continue vivo.

— O demônio, diferente dos outros monstros desta dungeon, consegue nos afetar, o mais seguro é que nós fiquemos esperando aqui fora.

O espectro está atrás de mim, aparentemente sua intenção é ficar em frente a porta até que a luta tenha um fim.

O último era o slime ao meu lado, mas não precisava de uma confirmação, afinal, ele já havia demonstrado a intenção de seguir junto comigo.

Empurro a porta, parece ser pesada — chegando ao nível de precisar fazer grande esforço caso ainda estivesse no nível de quando cheguei na dungeon —, mas agora abro com grande facilidade. Tento escutar se algum mecanismo é ativado, não escuto nada, então empurro com mais força, abrindo a porta por completo.

— Ele tem um gosto peculiar — comento.

— Que merda é essa? — O slime ao meu lado grita.

Sinto uma breve vontade de vomitar depois de conferir a sala.

Diversos tubos de vidro, que saiam do chão e subiam até o teto, estavam colocados em fileiras dos dois lados de uma grande sala. Dentro desses tubos poderiam ser visto coisas que não conseguia explicar ao certo o que eram, mas estavam vivas, podia-se ver alguns movimentos, além disso algumas mesas de tortura estavam colocadas entre os tubos, com pedaços de pessoas jogados por elas, em alguns lugares tinham ganchos no teto, com corpos pendurados como carne em um açougue.

Olho para trás por reflexo.

O espectro mostrou um pouco de hostilidade depois de ver a cena, mas consegue se controlar.

— Não se preocupe. — Pode-se notar grande pesar em sua voz. — Ele mantém os reféns em uma sala à parte.

No fim da sala posso ouvir o som de passos se aproximando.

Finalmente perdendo a calma o espectro tenta entrar na sala, mas quando vai passar pela porta parece ser repelida por alguma coisa, como se fosse jogada para trás.

— O que é isso? — grita com raiva.

— É uma barreira espiritual. — Consigo ouvir a voz de Nahemah vindo de fora. — Espectros podem não ser exatamente espíritos, mas suas constituições se assemelham bastante.

Os passos se aproximam mais.

— Finalmente conseguiu chegar até aqui, tenho que ser sincero e dizer que não esperava tal desempenho de você. — Bate palmas.

Algumas lâmpadas, colocadas de forma que pudessem iluminar os tubos, conseguiam deixar a sala mais clara, porém ainda assim continuava escura demais. Aparentemente, aproveitando isso ele faz uma entrada dramática, andando devagar para que aparecesse lentamente na luz. Embora ainda tenho alguma visão noturna por ser um vampiro, para mim não faz muita diferença.

Da escuridão sai um homem. Comparado comigo ele era um pouco mais alto, sua pele, assim como seus cabelos, eram curtos e negros, assim como seus olhos, que não poderia ser vista a parte branca.

— Bem-vindo. — Abre os braços, como se estivesse nos recebendo. — Me chamo Jikininki, um dos demônios da grande tropa de Angra Mainyu.

— Jikininki? Angra Mainyu? — Acabo repetindo inconscientemente. — Não importa no momento, sou Ioan, um vampiro desertor, prazer.

O Recomeço em um mundo de RPGOnde histórias criam vida. Descubra agora