Parte 1

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16 de Janeiro de 2014 – Leblon – Rio de Janeiro, Brasil

— Boa noite, queridas! – Dulce entrou na bonita casa, carregando uma pequena mala preta.

— Boa noite, Marie! – a morena mandou-lhe um beijo no ar. – Está um arraso hoje!

— Obrigada! – foi direto para o próprio quarto.

A casa parecia um ambiente familiar do lado de fora, mas era só entrar no lugar, que as paredes revelavam uma outra realidade. Dirigido por Telma Muller, era ali que ficavam as mulheres mais bonitas, disputadas e caras de todo o Rio de Janeiro.

Dulce María, ou Marie, como era conhecida; era a mais nova das meninas, e estava com Telma há apenas três anos. Quando entrou, tinha o corpo magro, pequeno, os olhos castanhos e o cabelo preto.

Em questão de meses tudo mudou, e a doce garotinha se transformara em uma poderosa e divina mulher. Os cabelos agora eram vermelhos como sangue, donos de uma cor forte, intensa e sem igual. Os olhos castanhos estavam sempre preenchidos com cílios postiços, rímel e um caro delineador. O corpo havia ganhado curvas. Bunda, barriga e coxas durinhas, e um piercing vermelho no umbigo.

A ruiva entrou no quarto, abriu a mochila e de lá tirou a lingerie preta de renda. Em seguida livrou-se da roupa que usava e passou a toalha pelo corpo; tinha pouco tempo para tomar banho e se arrumar antes de encontrar com o cliente da noite.

Hello, gata! – Cherry invadiu o quarto da amiga.

— Noite! – colocou o chinelo. – Que bom humor todo é esse? Tem mais de um cara hoje, é?

—Não. – sentou-se na cama. – Mas sabe aquele bonitão que eu gostava?

— Hmm. – arqueou as sobrancelhas.

— O que é da Barra. – estralou os dedos. – Advogado e tal.

— Ah, lembrei! Alfonso, não? Ou algo assim. – parou na porta do banheiro. – O que é que tem?

— Me ligou agora. – a ruiva a olhou com surpresa. – Ele não quer nada comigo, vai se casar em dois dias. – riu. – Mas disse que o irmão mais novo precisa de uma boa companhia para amanhã. Mandou foto e tudo, o cara é ma-ra-vi-lho-so.

— Uma família de homens bonitos? – riu com ela. – Descola um pra mim também.

—Eu posso ver se rola algum primo. – pensando. – Na noite de despedida de solteiro dele você estava ocupada.

— Telma me disse que eu tinha cliente agendado, não tinha mesmo nenhuma maneira de eu escapar e cobrir a noite. – encostou-se à porta.

— Trabalhar vocês não querem, né? – Telma entrou no quarto. – Sabia que estavam juntas.

— Vim rapidinho, já estava de saída. – reparou na chefe, a mulher já tinha seus 50 anos, mas o corpo era de invejar qualquer um. – Marie tem cliente daqui a pouco.

— Recreio. – a ruiva complementou a informação.

— O presidente da ACE? – Telma perguntou satisfeita, jogando o cabelo preto para o lado.

— Exatamente. – sorriu ao falar. – Pagou a noite toda. Deve estar carente ou algo assim.

— Que continue assim! – brincou a morena. – Cherry, tenho algo pra você.

— O que é? – levantou-se.

— VP do Shopping Leblon. – avisou-a. – Amanhã, às 22h, no apartamento dele.

— Amanhã? – arregalou os olhos. – Não posso. Amanhã tenho um cliente nesse horário. O irmão mais novo do Uckermann. Ele ligou agora há pouco para...

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora