Parte 24

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20 de Abril de 2014 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro, Brasil

O relógio indicava meio dia, quando Dulce finalmente abriu os olhos. Não pela claridade ou por sentir que estava sozinha na cama, mas porque o cheiro que invadira suas narinas, simplesmente a fizera pirar.

Coçou os olhos, levantou-se de maneira preguiçosa e foi andando ainda meio sonolenta até o banheiro. Lavou o rosto, escovou os dentes, tentou renovar as energias; mal podia explicar o quanto a ressaca pesava naquele momento.

Pegou o próprio celular e foi até a cozinha, seguindo o cheiro do molho vermelho que contagiava todo o apartamento.

— Bom dia, dorminhoca. - Christopher exclamou, tampando a panela.

— Bom dia, chef. - sorriu de leve. - Vou sempre acordar com você cozinhando?

— Se continuar dorminhoca assim, não vejo outro futuro. - estendeu a mão pra ela.

— Pare de gracinha logo cedo. - deu a mão pra ele, abraçando-o pela cintura em seguida.

— Já é quase hora do almoço, meu amor. - fez um carinho no cabelo dela. - Você dormiu bem?

— Perfeitamente bem. - beijou o peito dele. - Hm, meu cheiro ficou em você.

— Não acho nada ruim. - ela sorriu e então ele lhe beijou os lábios rapidamente. - E a ressaca hoje?

— De leve, mas incomodando. - deixou o celular na mesa e foi até a geladeira.

— Não coma muito, daqui a pouco eu termino a comida. - ela assentiu. - Sabe quem me ligou hoje cedo?

— Não. - pegou o requeijão. - Quem?

— Meu irmão. - deu um leve sorriso.

— Ele também é doido e gosta de acordar cedo até nos finais de semana? - pegou a faca na gaveta.

— Não foi bem por isso. - passou o pacote de bolacha de água e sal para ela.

— Então para que? - sentou-se à mesa.

— Estava feliz da vida e se achando o rei do Rio de Janeiro. - encostou-se à pia. - Dá pra imaginar o motivo?

— Não. - franziu o cenho. - Porque ele se acharia... - arregalou os olhos. - Anahí deu de quatro pra ele! - o namorado riu e concordou. - Não acredito! Ela deu mesmo?

— Ele estava se achando O cara. - riu com a ruiva. - Disse que ela deixou bater e tudo o mais.

— Eu te disse! - seguia gargalhando. - Tem que saber usar a psicologia certa. Quando alguém do mesmo sexo diz que algo é bom, a outra pessoa sempre muda o conceito.

— Acho que você salvou o casamento dos dois. - brincou.

— Só ajudei a reacender o que sempre existiu. - comeu um pedaço da bolacha. - E com a maioria dos casais funciona assim. Depois de um tempo, eles se esquecem do que era o começo da relação e aí parece que tudo é só uma merda, que estão juntos por inércia. - gesticulava ao falar. - E não é só sexualmente, não. Às vezes isso influencia de tal modo, que eles se esquecem de ser amigos, do companheirismo que acompanhar qualquer relação muito antes do lado sexual.

— O lado bom é que não imagino que isso vá acontecer com nós dois. - sorriu. - Porque obviamente desfruto todas as nossas transas surreais e a maneira como você curte os lugares perigosos. - ela corou de leve. - Mas sou apaixonado pela sua inteligência, sua força de vontade e sua lábia invejável.

— Admiro você. - olhou-o. - Como pessoa. Antes de ser meu namorado gostoso, eu te admiro como pessoa. - ele se aproximou, apoiando as mãos ao redor do corpo dela e lhe roubando um rápido beijo.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora