Parte 143

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08 de Dezembro de 2014 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

Christopher fizera da própria sala uma base de operação para encontrar a noiva. Espalhara fotos, anotara o cronograma que montara na lousa branca, fizera uma divisão com os lugares e conexões da morena.

Não saíra de casa durante todo o dia, não fora nem mesmo trabalhara, deixara um aviso para que o escritório seguisse sem ele. Mateus e Marcela passaram durante a tarde para ver o arquiteto, e não falaram de outra coisa que não fosse o paradeiro de Dulce; para o alívio de Christopher, o casal estava realmente disposto a ajuda-lo.

Permaneceram juntos até às sete horas da noite, os amigos deixaram o apartamento, Christopher tomou um banho e voltou para a mesma tarefa: encontrar Dulce.

Uma hora depois, a campainha soou no apartamento, ele pausou as buscas, deixou a caneta em cima da mesa foi até a porta.

— Querido. – Blanca lhe sorriu, segurando um pequeno pote nas mãos. – Posso entrar?

— Por quê? – franziu o cenho. – Tem alguma notícia da Dul?

— Ainda não, nós continuamos procurando. – encarou-o. – A polícia iniciou as buscas.

— Isso não basta. – sério. – Precisamos fazer mais.

— Eu sei. – os olhos marejaram. – Christopher, podemos conversar?

— Não. – manteve a mão na porta.

— Esse não é o momento para nos afastarmos mais, meu querido. – insistiu. – Por favor, me escute.

— Dulce te escutaria? – magoado. – Depois de ouvir tudo o que eu ouvi, acha que ela te escutaria?

— Eu tenho certeza que sim. – assentiu. – Porque ela é muito melhor do que eu. Melhor do que qualquer um aqui. Por favor. – ele respirou fundo, desviou o olhar por alguns segundos, e então abriu a porta, dando passagem para que ela entrasse. – Obrigada.

Blanca entrou no apartamento do genro e os olhos cresceram ao ver a bagunça que ele montara ali, fotos espalhadas, computador, papéis jogados pela mesa; ele não havia descansado um só minuto.

— Então... – foi até a sala. – Vai me contar a verdade? Tudo o que sempre escondeu de mim e da Dulce? Está pronta pra isso?

— Direi o que quiser saber. – lhe entregou o pote. – Preciso que esteja do meu lado. Por favor, coma algo.

— Eu não tenho fome. – recusou a comida.

— Você precisa comer. – arqueou as sobrancelhas. – Não vai encontrá-la se estiver doente, portanto, coma.

Mais uma vez Christopher cedeu, e não por que queria escutá-la, mas porque não tinha forças para uma nova discussão.

Pegou os talheres na cozinha, depois voltou para a sala e sentou-se à mesa, esperando que a sogra começasse a falar.

— Fiz o molho que você gosta. – puxou a cadeira e sentou-se de frente para ele.

— Eu vou comer. – abriu o pote. – Obrigado.

— Seus pais ligaram para o Fernando, estão dispostos a nos ajudar. – suspirou.

— Não tem que me contar nada. – deu de ombros. – Não faço questão alguma de saber nada que não seja uma informação nova sobre o paradeiro da Dulce.

— Christopher, nós erramos muito no passado, seus pais, Fernando, eu, Telma, Antonio, nós acabamos enrolados em uma teia de mentiras que escapou das nossas mãos. Não me orgulho disso, sei que hoje vocês sofrem pelos erros que nós cometemos, e me dói não poder consertá-los. – encarou-o. – Quis, por tantas vezes, que Deus tivesse me levado com o câncer, que Dulce não precisasse lidar com o fardo que me tornei para ela. Pensei que ao tirá-la de casa eu a salvaria, mas acabei tornando tudo muito pior.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora