Parte 141

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07 de Dezembro de 2014 – Estado do Rio de Janeiro, Brasil

Dulce abriu os olhos devagar, seu corpo estava cansado e parecia não conseguir se recuperar de tudo o que vivera nas últimas horas. Escutava um estranho barulho, mas não conseguia identifica-lo.

Olhou para cima e viu que o conta-gotas já não pingava o líquido em sua veia. Então girou o rosto para o lado e notou Viviane batendo na porta do quarto seguidas vezes.

— Merda! – a loira batia com mais força. – Abra aqui! Eu quero sair!

— Viviane? – franziu o cenho, os gritos apenas aumentavam a dor de cabeça que já sentia.

— Dulce! – correu até ela. – Graças a Deus! Achei que não fosse acordar nunca mais! Nós temos que sair daqui!

— Hãn? – a loira a puxou para sentar-se ali. – Ai! Calma!

— Dulce, preste atenção! – colocou as mãos no rosto dela. – Não sabemos onde estamos, não sabemos que horas são, não sabemos o que farão conosco. Nós precisamos dar o fora daqui!
— Como quer sair de um lugar que você nem sabe aonde é? – tirou as mãos dela de seu rosto. – Vivi, deixei pra lá.

— Deixe pra lá? Como é que eu vou deixar pra lá! – séria. – Dulce, é a nossa vida! Seu tio é completamente maluco!

— O problema dele é comigo. – deu de ombros. – Vá embora você.

— Não! Claro que não! – soou assustada. – Não vou deixar você aqui! Pare de falar bobeira!

— Eu estou cansada. – levantou-se e foi até a janela.

— Dulce! – séria, viu a amiga encostar-se à janela. – Não adianta tentar abrir, eu já tentei.

— Não é isso. – apalpou a parede. – Já é tarde agora. Deve estar escuro.

— Hein? – franziu o cenho. – Do que está falando?

— Que o sol já caiu. – voltou para a cama. – Já deve ter escurecido.

— Por quê? – perdida. – Não entendi o que você...

— Porque a parede está gelada. – sentou-se outra vez. – O sol já se foi há muito tempo.

— Você é inteligente. – assentiu. – Ok. Ok. Então já é de noite.

— Já é de noite. – deitou-se na cama.

— Dulce, não! – reclamou.

— Viviane, me deixe em paz! – irritou-se. – Estou com essa merda no braço, não vou arriscar a tirar nada da minha veia! E menos ainda da sua! – apontou a loira. – Já é tarde, não sei onde estou, não sei por onde partir!

— Só precisamos sair! – desesperada. – Eu quero sair! Você não?

— Não sabemos se estamos em casa ou se estamos em prédio, não sabemos se é alto ou se é baixo, não sabemos se tem muita gente do lado de fora, se tem quintal, se há vizinhos, se é uma roça ou... nós não sabemos nada! – esbravejou. – Saiba tudo isso primeiro, depois você sai. E saia sozinha!

— Posso descobrir tudo isso, posso levar o tempo que for para conseguir reunir informação suficientes para dar o fora desse lugar, mas eu garanto que vou te levar comigo! Não existe a menor possibilidade de te deixar aqui! – encarou-a. – Está me ouvindo?

— Não quero ir! – os olhos marejaram. – Quero que ele me mate! Fim! Eu não quero nada além!

— Está maluca? – espantou-se com tal confissão.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora