Parte 129

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06 de Dezembro de 2014 – Casa de Daniel – Sala de estar – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

Daniel afastou-se dos amigos e seguiu até a sala de estar, precisava tentar colocar juízo no pai, antes que o bom clima do aniversário da irmã fosse por água abaixo.

— Pai. – abriu a porta para recebê-lo.

— Desculpe a demora. – entrou devagar. – É um dia difícil, meu filho.

— Pai, eu... – deixou que ele entrasse. – Minha mãe está aqui, a tia Tuca, os pais do Christopher e isso... Dulce está feliz, o clima está tranquilo.

— Eu não quero estragar nada, meu filho. – franziu o cenho. – Mas é o aniversário da minha filha! Eu quero comemorar com ela!

— Eu entendo, eu acho que podemos fazer um momento só pra nós, eu organizo algo para...

— Daniel! – disse alto. – Me deixe comemorar o aniversário da sua irmã!

— Promete se comportar? – receoso. – Com ela, com a minha mãe, com todos?

— Ora, o que é isso? Desde quando devo dar satisfações para você? – bateu a bengala no chão. – Eu vou morrer! E enquanto isso não acontece, quero aproveitar o tempo com a minha filha!

— Fernando? – Dulce entrou na sala, acompanhada de Alejandro.

— Minha filha! – sorriu e mostrou a sacola nas mãos. – Eu vim para o seu aniversário! Eu te trouxe um presente.

— Obrigada, eu... – aproximou-se dele. – Muito obrigada por isso.

—  Me dê um abraço. – abriu os braços e logo sentiu-se desequilibrar.

— Pai! – correu e o abraçou.

— Cuidado, pai. – Daniel ajudou a segurá-lo.

— Perdão. – ele sorriu desconcertado. – Desculpe, minha filha, eu... eu me distraí um pouco.

— Está tudo bem. – ajudou-o a ficar de pé, enquanto Daniel mirou Alejandro, ambos preocupados. – Se sente melhor?

— Sim, claro, estou bem. – lhe deu a sacola. – Eu lhe trouxe um presente e... eu vim para comemorar o seu aniversário.

— Pai, minha mãe está aqui. – Alejandro disse baixo. – Talvez seja melhor...

— Por que ficam me dizendo isso? – resmungou. – Não posso mais estar no mesmo ambiente que a Blanca agora?

— Acalme-se. – Dulce o viu vermelho. – Está tudo bem, não precisa se alterar.

— Eu só quero... – ele negou com a cabeça. – Eu vou embora. Podem comemorar.

— Pai... – Daniel sussurrou.

Dulce mirou o senhor e sentiu-se mal, lembrou-se da conversa do dia anterior, em como ele se esforçava para entender-se com ela.

Dali pra frente a vida seria sempre daquela forma: dias bons, dias ruins, dias em que conseguia se expressar tão bem, e dias onde mal dava conta de manter-se de pé.

Não sentia-se capaz de esquecer tudo o que acontecera, mas era igualmente incapaz de abandonar o homem doente.

— Pai, fique. – ela lhe tocou o braço. – Fique para comemorar comigo. – ele coçou os olhos para olhá-la. – Por favor, apenas mantenha-se longe da minha mãe. – mirou os irmãos. – E acho que podemos todos conviver.

Daniel a olhou nos olhos, como se perguntasse, em silêncio, se ela estava confiante de tal atitude. Dulce assentiu, deu a mão para o pai e o ajudou a caminhar.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora