Parte 58

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31 de Agosto de 2014 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

O relógio marcava exatamente dez horas da manhã, Dulce seguia adormecida nos braços do namorado, quando o toque do celular começou a soar, de início baixo, mas logo ela já podia escutá-lo perfeitamente.

Abriu os olhos com pressa e tateou o criado mudo, para atender a chamada antes que o homem acabasse acordando também.

— Alô? – a voz saiu rouca e cortada.

— Dul? É a Marcela. – disse agitada. – Estava dormindo a essa hora?

— É, eu estava. – sentou-se na cama com certa dificuldade. – Bom dia, Marce. Como você está?

— Eu estou bem. Ou pelo menos estava até agora. – sem jeito. – Está podendo falar?

— Claro. – enrolou o lençol no corpo nu e saiu rapidamente da cama. – O que houve? Está tudo bem com você? Seus pais?

— Nós estamos bem, Dul, não se preocupe. É que eu recebi um email agora e meio que... eu achei melhor te avisar.

— Me avisar? – foi até a sala, sentando-se no sofá. – Sobre o que? É do TCC?

— Não, é sobre a Mayra.

— Mayra? – franziu o cenho.

— Você voltou com o Christopher, não é?

— Q-que? – pigarreou.

— Sabe que não sei dar voltas, então vou direto ao assunto: Mayra mandou um e-mail para todas as turmas do nosso curso, dizendo que você roubou o Christopher dela. Te xingou de piranha pra baixo. – contou. – Eu só vi o e-mail agora, mas como você não tinha me ligado, imaginei que ainda não estivesse sabendo.

— E de fato eu não estava. – encarou o chão, sem saber o que falar ou como reagir.

— Dul? – notou o silêncio. – Sabe que pode contar comigo. Poderia ter me falado sobre o Christopher, da mesma forma que pode desabafar comigo agora.

— Marce... – sem palavras. – Eu não sei. Não te contei, porque não tinha e não tenho o que contar ainda.

— Não minta pra mim. – pediu. – Só isso. Sabe que respeito todas as suas vontades e não ligo se não quiser me contar alguma coisa, mas não minta.

— Não é mentira, é que... honestamente, eu não tenho o que contar ainda. Tudo com o Christopher ainda é muito novo, nós estamos nos ajeitando.

— Está gostando?

— Estou. – um pequeno sorriso surgiu de forma involuntária em seus lábios. – Eu estou gostando muito, Marce. Tudo parece muito natural com ele, é uma maneira delicada e boa de vencer os meus medos. Ele me mostra um mundo melhor diariamente.

— Então isso é tudo o que importa. Se você está feliz, sabe que eu estou feliz também.

— Me desculpe por não ter contado antes. E confesso que não sei quando eu sentiria confiança pra contar. – sincera. – Não estou acostumada à que as coisas deem certo pra mim, então quando acontece, fico com receio de contar e descobrir que foi tudo um sonho.

— A felicidade não é algo impossível, Dul, e todos nós merecemos um pouco dela, posso te garantir. Enfim, queria que soubesse do email, e mais ainda, que soubesse que estou do seu lado e vou te apoiar sempre.

— Obrigada por tudo. – suspirou. – Não vou me dar ao trabalho de responder nada, não vou bater boca com ela. Sei que não vai ser fácil, mas com o tempo ela vai se ver obrigada a esquecer e tocar a vida.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora