20 de Dezembro de 2014 – Grupo Marino – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil
— E aí? – Marcela levantou-se ao ver o homem sair do quarto. – Ela falou contigo?
— Ela falou. – Daniel fechou a porta atrás de si. – Ela falou comigo. – levou uma das mãos ao rosto enquanto chorava. – Ela falou comigo.
Marcela quis abraçá-lo, mas sem saber se deveria fazê-lo, limitou-se apenas a lhe acariciar gentilmente o ombro.
— O que foi? – Mateus assustou-se ao vê-los. – O que aconteceu?
— Ela está bem? – Christopher arregalou os olhos. – Dulce está bem?
— Ela está bem. – Daniel seguia chorando enquanto falava. – Ela está bem, ela... ela falou comigo, ela...
— Graças a Deus! – Christopher sorriu animado. – O que ela disse? Contou alguma coisa?
— Ela está num momento bom, está lúcida, está entendendo melhor onde está e o que está acontecendo. – secava as lágrimas. – Eu disse que viria amanhã e ela concordou. Não quis forçar a barra hoje, porque ela disse que já tem consulta com o Lorenzo e que fica muito cansada com isso.
— Isso é ótimo, ela está reagindo! – Christopher mirou o quarto. – A consulta é agora ou eu posso entrar?
— Ahn... – Daniel não soube o que dizer. – Ah... eu... hm...
— O que foi? – franziu o cenho. – O que é, Daniel?
— Ela... – pensava em como falar. – É que isso foi um pouco pesado, foi um pouco... eu quero dizer...
— Não estou te entendendo.
— Eu acho que seria melhor você não... – sem jeito. – E se você deixasse para falar com ela amanhã? Falo pelo cansaço mesmo.
— Se é questão de cansaço, acho que ela pode falar diretamente para ele. – Marcela arqueou as sobrancelhas. – Por mais cansada que esteja, acho que ela vai conseguir falar mais cinco minutos.
— Não, Marcela, é que... – Daniel coçou a cabeça e olhou ao redor. – Eu fiz tantas perguntas, e agora com a consulta... não sei se acho interessante nós pressionarmos tanto.
— Ela não quer me ver. – Christopher mirou o cunhado. – É isso, não é?
— Ahm... – Daniel suspirou. – Não é isso, é só que ela...
— Ela não quer. – deu de ombros. – Simples assim. É melhor falar as coisas do jeito que elas são, Daniel.
— Não é que não queira, é só...
— É só que ela não quer. – Marcela o cortou. – E você, ao invés de fazê-la falar, simplesmente fica passando a mão na cabeça dela!
— Não é sobre passar a mão na cabeça! – reclamou.
— Marce. – Mateus pediu, tocando-lhe o ombro.
— É exatamente sobre isso! – Marcela insistiu. – Porque eu entrei lá e sei bem o que ela me falou! Aposto que te falou a mesma coisa.
— Marcela. – Daniel arfou.
— São noivos! – apontou o arquiteto. – Não tem ninguém, nem mesmo você, que tenha desejado mais a volta dela do que o Christopher! Ela tem que vê-lo! E se não quiser fazer isso, então pelo menos precisa ter a decência de falar isso na cara dele! Eu me recuso a aceitar que a minha amiga virou essa covarde!
— Ela não virou nada! – Daniel esbravejou. – E você não é ninguém pra julgá-la! Nem para estar aqui!
— Hey! – Mateus aumentou o volume da voz. – Preste atenção no jeito que fala com ela!
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Leblon após às 22h
RomanceO primeiro abuso sexual aconteceu aos 12 anos, mas ninguém acreditou quando ela disse. O pai afirmou que a menina só queria chamar a atenção, os irmãos disseram que não passava de um delírio de garota, ela nem era tão bonita assim. A mãe foi silenci...