Parte 163

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23 de Dezembro de 2014 – Grupo Marino – Quarto 202 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

Dulce passou o restante do dia deitada no quarto, Graça lhe dera uma bolsa de água quente e a morena colocou nas costas, tentando diminuir a dor que sentia na lombar. Já no final da tarde, a dor passara a ser abdominal, assemelhando-se a cólica, coisa que ela julgou improvável de sentir.

Então preferiu não comentar nada a ninguém, permaneceu em silêncio, dormindo durante a maior parte do tempo, sem nem mesmo notar que não consumira o copo de água que seguia na mesa ao lado da cama. A conversa com Viviane ainda ecoava em sua mente, e mesmo quando dormia, terminava sonhando com partes do diálogo com a loira.

— Posso entrar? – abriu a porta e colocou apenas o rosto para dentro.

— Quem? – levantou parte do tronco da cama. – Flávia?

— Esperei você o dia todo! – entrou no quarto. – Fiquei lá fora e você... nada.

— Não me sinto bem. – Dulce voltou a deitar-se. – Uma dor de cabeça que não passa com nada, dói a lombar, dói a barriga, dói a vista... dói tudo.

— Hm. – fez cara feia e puxou uma cadeira para si. – Está de TPM?

— Não. – bufou. – Longe disso. Talvez seja abstinência.

— Bem... isso é possível. – Flávia apoiou os cotovelos nos braços da cadeira. – E você achou o seu noivo? Escreveu mais cartas?

— Nada disso. – fechou os olhos. – E não estou com humor para pensar nessas coisas.

— Ah, qual é? Vamos lá! – Flávia pegou os papéis na mesa. – Vamos encontrá-lo.

— Flávia, eu vou fazer isso. – resmungou. – Mas não hoje. Acredite quando digo que não estou me aguentando em pé.

— Mas você está deitada! – disse de maneira absurda. – Não entendi!

—Flávia. – abriu os olhos. – Chega, vai.

— Não posso! Dulce Maria, você tem o noivo perfeito! – insistiu. – Por favor! É a minha missão, você a deu pra mim!

— Eu não fiz nada. – disse calma. – Você inventou essa história toda.

— Com licença. – Lorenzo entrou no quarto. – Dulce? Hm, Flávia.

— Vim chamar a minha amiga para passear. – sorriu para ele. – A Graça me disse que eu podia.

— E realmente pode. – aproximou-se da cama. – E Dulce pode sair, se estiver disposta.

— Pois não estou disposta. – reclamou. – Já disse para ela que não.

— E eu disse que sim. – Flávia insistiu. – Já perdeu o dia inteiro aqui.

— E quero perder a noite, se você finalmente me permitir. – fechou os olhos.

— Flávia, por que não a espera lá fora? – sorriu para a paciente. – Garanto que em breve ela te encontrará.

— Tem certeza? – o homem assentiu. – Está bem. – pegou as cartas da amiga. – Eu te espero, hein, Dulce Maria? – saiu do quarto.

— Hunpf. – resmungou sem abrir os olhos.

— Não faça assim com a sua amiga. – Lorenzo sorriu e sentou-se no lugar antes ocupado por Flávia.

— Não quero sair, por favor. – pediu. – Eu quero ficar aqui, quieta.

— Tudo bem, pode ficar. – cedeu. – Mas antes disso, pode ler uma coisa pra mim?

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora