Parte 130

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06 de Dezembro de 2014 – Casa de Daniel – Sala de estar – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

Dulce entrou na casa do irmão, primeiro passou no banheiro e depois se dedicaria a procurar o celular. Entretanto, ao passar pela sala de estar, viu o pai sentado, quieto, pensativo.

— Pai? – não soube identificar se ele cochilava ou apenas pensava. – O que faz sozinho aqui dentro? Vamos lá pra fora!

— Eu estou dando um tempo, querida. – alegrou-se ao vê-la. – E você, o que faz aqui dentro? Deveria aproveitar a sua festa.

— Eu estou aproveitando. – sentou-se ao lado dele. – Vim procurar o meu celular, não sei onde foi que eu deixei. Acho que a idade já começou a pesar.

— Você ainda é muito nova, meu amor. – fez um leve carinho na mão dela. – Para aproveitar que você está aqui, gostaria de te falar algo.

— Se é sobre o presente, eu adorei. – mostrou o colar de ouro no pescoço. – Já até coloquei.

— Hm... – ele forçou a vista pra tentar enxergar a joia. – Ficou muito bonita, Dul.

— Não consegue ver, não é? – exalou. – Pai.

— Posso ver, eu consigo. – disse teimoso. – Se eu me esforçar, eu... estou vendo bem!

— Fernando. – séria. – Está tomando os remédios? Está se esforçando?

— Estou! Eu juro que estou! – sincero. – Não quero morrer! Eu quero ver você se casar!

— Está bem, eu acredito. – acalmou-o. – Eu acredito.

— Dulce... – voltou a segurar a mão dela. – Sobre o que conversamos ontem...

— Aqui não. – disse baixo.

— Eu já resolvi. – respondeu, também abaixando o volume da voz.

— O que? – estranhou. – Como? Resolveu... o que?

— Não sei o que ela foi fazer... lá. – achou melhor não falar o nome da cidade. – Eu liguei e ela não tinha uma boa resposta.

— Mas é claro que não tinha! – irritou-se no mesmo instante e bateu no sofá. – Que garota mais... argh!

— Dulce! – segurou-a e ela respirou fundo. – Já assinei os documentos, ela será comunicada assim que voltar na segunda-feira.

— Comunicada? – então acalmou-se. – Como assim?

— Não a quero mais no hotel. – sério. – Ela está demitida!

— Ah! – num impulso, jogou-se para frente e abraçou o homem com força, nem mesmo mediu o próprio gesto, seu corpo simplesmente vibrava alegria.

Era aquilo! Era aquele tipo de gesto concreto que ela tanto desejava do homem. Sabia que nada mudaria o passado, mas o amor em forma de gestos era a chave para que pudessem construir um futuro melhor que todo o passado manchado.

Dulce não considerava-se uma pessoa ruim, não era de se alegrar com as tristezas ou infelicidades das outras pessoas, mas que Fernando afastasse Manuele, tinha tanta importância que a morena mal conseguia dizer; seu coração estava em festa.

— Obrigada! – sussurrou para ele. – Muito obrigada por deixá-la longe de nós.

— Amo tanto você, filha. – sentiu o coração acelerar, estava tão emocionado pelo momento com ela.

Não pensava que em algum momento conseguiria trocar um abraço daqueles com a menina, não pensava que teria a chance de fazê-la feliz naquela vida.

— Obrigada por isso. – separou-se dele. – Não sabe o quanto significa que... que fique do nosso lado.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora