Parte 150

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19 de Dezembro de 2014 – Grupo Marino – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

Christopher chegou tranquilo à enorme clínica de reabilitação. Estacionou logo em frente a porta de entrada, passou pela recepção, e ao perguntar por Mateus, a recepcionista sorriu amavelmente e o levou até o segundo andar do prédio.

Assim que saiu do elevador, deparou-se com o arquiteto sentado no banco, cabeça baixa e os cotovelos apoiados nas coxas; parecia cansado.

— Hey, cara. – Christopher sentou-se ao lado dele. – Está um trânsito infernal a essa hora, eu levei mais tempo do que... – o amigo o olhou com os olhos vermelhos. – Mateus! O que aconteceu? Que cara é essa?

— Brother... – não conseguia parar de chorar. – Dolce...

— Dulce o que? – assustou-se. – O que tem a Dulce? Samuel te ligou? Sabem de algo? O que tem ela, Mateus? O que...

— Veio pra cá. Sozinha. – Christopher parou de falar e apenas o encarou. – Ela viu o cartão, ela entendeu o cartão, ela... ela voltou.

— O que? – levantou-se. – Aqui? Onde ela está? Mateus, onde é que... Mateus!

— Os médicos estão cuidando dela. – olhou-o. – Ela está... ela está diferente.

— Diferente? Diferente como? Quanto? – perdido. – Que seja, isso não importa, eu quero vê-la agora, eu... – a loira saiu do quarto.

— Mãe? – Mateus levantou-se em seguida. – Como ela está?

— Sedada. – fechou a porta atrás de si. – Dormiu.

— Eu quero vê-la! – Christopher aproximou-se da mulher.

— Ela está dormindo, querido. Ela...

— Não me importa. Respeito o que você disser, mas eu realmente preciso vê-la. – encarou a senhora. – Essa é a terceira vez que me dizem que a encontraram, e mais uma vez eu não tenho sinal dela. Eu preciso vê-la. Para me convencer de que é real, eu preciso vê-la.

— Ele precisa, mãe. – Mateus pediu.

— Está bem. Ela não vai responder, mas... – Tuca abriu a porta. – Podem vê-la. Eu comunicarei a Blanca e o Fernando.

Christopher nem mesmo escutou o que a mulher dizia, entrou no quarto e sentiu o alívio ao ver a noiva deitada na cama. Ela estava longe de parecer bem, é verdade, mas estava por perto outra vez, e tal fato era o suficiente para deixá-lo aliviado.

Aproximou-se e aos poucos o rosto dela foi ficando mais visível. Olhos fechados, a boca inchada e machucada no canto direito, o pescoço marcado, os hematomas se espalhavam pelos braços, e os pulsos feridos denunciavam os dias que ela passara amarrada.

Quis abraçá-la, enchê-la com o amor que nutria por ela, mas limitou-se a tocar sua mão e chorar em silêncio; chorou e agradeceu a Deus a chance de encontrá-la viva.

Por longos minutos não disse nada, não havia palavras suficientes, ele apenas chorava e sentia; sentia alegria, sentia dor, sentia alívio, sentia medo, sentia amor. Acima de tudo, sentia tanto amor por ela.

— Te amo tanto. – beijou a mão dela. – Meu amor, te amo tanto, senti... senti tanto a sua falta! Não acredito que está aqui, não acredito que está viva. – acariciava-lhe a mão. – Vou cuidar de você, ok? Não vou mais sair do seu lado, vai... vai se cansar de mim, prometo. E dizer que não me aguenta mais. – sorriu pra ela. – Sem mais viagens a São Paulo, hm?! Eu vou passar o resto da vida te lembrando disso.

— Nada de São Paulo. – Mateus sentou-se do outro lado da cama. – Pra nenhum de vocês dois. – pegou a outra mão da amiga. – Vou manter os dois perto de mim e da Marcela, sem mais aventuras.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora