Parte 59

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15 de Setembro de 2014 – Botafogo – Rio de Janeiro, Brasil

Christopher chegou ao trabalho da namorada faltando exatos cinco minutos para as seis horas da tarde. Como de costume, enviou uma mensagem à ela, avisando-a que a esperava ali, e então ficou dentro do carro; o clima quente no Rio de Janeiro não o deixava ficar longe do ar condicionado por muito tempo.

Exatos 10 minutos depois, ele viu a ruiva sair da revista, acompanhada pela loira que ele já conhecia como Andreza.

— Pensa no que eu te falei, Dul! – a loira lhe mandou um beijo no ar.

— Já disse que vou pensar! – riu. – Vai embora, vai.

— Ok, mas vai pensando! – não podia perder a chance de provocá-la. – Beijo, gatinha, até amanhã!

— Beijo, bye. – acenou e foi até o carro do namorado. – Hey, vida.

— Oi, meu amor. – deu um selinho nela. – Tudo bem?

— Tudo tranquilo. – deixou a bolsa em seu colo. – Te fiz esperar muito?

— Não. Com o ar condicionado eu fico de boa. – riu. – Como foi seu dia? – escutou a buzina do carro ao lado.

— Vai embora, Andreza! – a ruiva abaixou o vidro para falar.

— Vai pensando! Fala pro seu namorado! – acenou mais uma vez, e então arrancou o carro dali.

— Chata demais, gente. – a ruiva sussurrou, negando com a cabeça e fechando o vidro novamente. – E então, como foi seu dia?

— O que ela quer que você me conte? Eu estou curioso. – ignorou a pergunta.

— A Dê é boba, já não te disse isso? – deu de ombros.

— Dul. – olhou-a. – Por favor.

— Curioso! – riu. – Não vamos sair daqui?

— Primeiro eu quero saber o segredo. – disse, mantendo a mão no freio de mão.

— Ok, seu curioso. – olhou-o. – Nossa equipe tinha uma reunião hoje, e ao mesmo tempo, a outra equipe também tinha uma reunião no mesmo horário. Nós só temos um motorista, então uma das equipes iria se atrasar. A Dê perguntou se eu queria ir com o carro dela, e eu disse que não dava, porque né, eu não dirijo. – deu de ombros. – Só que daí ela cismou de que eu tenho que tirar a habilitação agora, e está enchendo o meu saco por isso.

— Bom, eu também acho que você deveria tirar logo. – sorriu abertamente.

— Agora não dá, amor. Eu ganhava uma boa grana com a Telma, mas agora que estou só aqui, não é a mesma coisa. É claro que não estou reclamando, de maneira alguma, mas minha renda caiu quase cinco vezes. Eu tenho o apartamento da minha mãe pra pagar, as contas lá de casa, os remédios que ela toma, e enfim, tenho coisas que são mais importantes do que tirar habilitação agora. Até porque eu não tenho dinheiro pra comprar um carro. – riu ao final, e ele apenas a encarou. – É tipo assim: antes eu tinha dinheiro e não tinha tempo, agora eu tenho tempo e não tenho dinheiro.

— Um carro é importante pra você. – insistiu.

— Eu sei, mas posso ver isso depois. – tranquila. – Eu me viro bem com o transporte público, sabe? Vocês acham que não, porque estão acostumados a fazer tudo de carro, mas pra quem nunca provou da sensação, não é tão ruim assim. – colocou uma das mãos na perna dele. – Me conta do seu dia, vai. Como foi tudo?

— Tenho algo pra você. – virou parte do corpo pra trás e pegou a pasta.

— Você falou sobre uma comemoração mesmo. – franziu o cenho. – O que é que temos pra comemorar? Eu não me lembro de nenhuma data. E olha que sou razoavelmente boa com datas, hein?!

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora