Parte 161

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Os olhos encheram-se de lágrimas pouco a pouco e embaçaram até que elas transbordassem e deslizassem por suas bochechas. De alguma forma, ainda que distante dele, Dulce estava viva. Mais do que viva, Dulce estava bem.

Dulce estava bem. Sua Dulce.

Talvez não mais dele, mas sempre Dulce.

Dulce.

— Deveria falar com ela. – Mateus apoiou a mão em seu ombro. – Vocês merecem essa oportunidade. Por favor, fale com ela.

— Eu sou doido por aquela garota. – não piscava ao olhá-la. – Dou a vida por ela sem nem precisar pensar. Ela vale tudo, ela é tudo.

— Por favor. – incentivou-o. – Fale com ela. Porque estou certo de que ela também é doida por você.

— Sabe quando foi a última vez que a vi com um sorriso assim? – fechou os olhos por um segundo e as lágrimas desceram com pressa. – No dia em que ela tirou a carteira de motorista. Ela tinha o sorriso genuíno dessa forma, e me abraçou de um jeito que... Mateus, mesmo que isso acabe aqui, a nossa história valeu à pena. – exalou. – Simplesmente por tudo o que vivemos juntos. Valeu muito à pena.

— Coloco a minha mão no fogo por vocês dois. – mirou o amigo. – Não acaba aqui. A história de vocês ainda vai muito longe.

— Dulce está se esforçando muito. – Tuca deu um leve sorriso. – E por mais que não seja fácil, eu vejo que ela não está disposta a desistir. Vocês vão se encontrar de novo, querido.

Christopher sorriu, parte de si realmente nutria esperança de uma volta com a noiva, mas a maior parte insistia em manter apenas o carinho e a lembrança de tudo o que haviam vivido.

— Christopher? – Mateus o fez despertar dos pensamentos outra vez.

— Trouxe as cartas para ela. – pigarreou e mirou a loira. – Posso deixar com você?

— Não quer entregá-las você mesmo? – deu um leve sorriso, e ele negou. – Não precisa ser diretamente para ela, pode deixá-las no quarto.

— Eu prefiro não...

— Pode ser uma boa. – Mateus o interrompeu. – Num lugar estratégico, escrevendo algo que ela possa identificar.

— A reaproximação não deve ser algo forçado ou imposto, pode acontecer aos poucos, em detalhes que apenas importarão a vocês dois. – piscou para ele. – O que me diz?

22 de Dezembro de 2014 – Grupo Marino – Quarto 202 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

Christopher abriu a porta do quarto e manteve-se parado por alguns segundos, lutava a batalha que sua mente travara com seu coração, e agora tinha os pés paralisados, sem saber o que fazer.

O cheiro de Dulce lhe impregnava as narinas, ela tinha algo natural, e senti-lo outra vez o encheu de nostalgia. Chorou mais uma vez. Começava a pensar que em algum momento simplesmente morreria de tanta saudade.

Entrou a passos lentos no quarto, tocou na cama arrumada, fechou os olhos para imaginá-la, e assim ficou enquanto as lágrimas expressavam o que sentia.

Seguiu até a cômoda ao lado, puxou algumas folhas e voltou a se emocionar ao ver a quantidade de desenhos que ela havia produzido; Dulce era intensa e expressiva. Sentia como se apenas ele pudesse compreendê-la bem.

Não viu nenhuma carta com seu nome, e portanto, não sentiu-se no direito de abri-la e ler o conteúdo. Colocou as próprias cartas sobre as dela, esperando que isso fosse o suficiente para chamar a atenção da morena.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora