Parte 22

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19 de Abril de 2014 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

O caminho até a Barra da Tijuca foi, como de costume, demorado, e embora Christopher seguisse falante e cheio de planos, a ruiva realmente se pusera um pouco mais pensativa, reorganizando tudo o que precisava ser dito e esclarecido dentro de si.

Assim que chegaram à praia, o arquiteto procurou um lugar iluminado e seguro para estacionar o carro, e então desceu com a namorada, para caminharem pela areia. Havia apenas um quiosque funcionando, mas o mesmo já estava a ponto de fechar, então, como antes sugerido por ela, o casal comprou dois cocos e sentarma-se na areia da praia.

Christopher tirou os sapatos, sentou-se na areia e acomodou a ruiva entre suas pernas. Ela encostou as costas em seu peito, flexionou as próprias pernas e apoiou o coco ali, sem dizer mais nada.

Durante um longo tempo Christopher também decidiu não falar, mas aquele momento passava longe de ser constrangedor; o casal sabia bem como conversar e se entender em silêncio, era natural para os dois.

O homem foi o primeiro a terminar de tomar toda a água de coco, enquanto a ruiva seguia brincando com o canudo entre seus lábios e encarando sem nem piscar as ondas do mar.

— Não sei se já te disse isso antes, mas durante muito tempo eu vim sozinho à praia. - quebrou o silêncio.

— Oi? - passou a prestar atenção nele. - Por quê?

— Não sei bem ao certo, acho que era o único lugar onde me sentia seguro. - divagou. - Não tinha ninguém por perto, não precisava aparentar nada, acho que era isso que fazia com que eu me sentisse bem.

— Eu faço com que você se sinta mal? - brincou. - Digo, estou invadindo o seu espaço agora.

— Você me faz muito bem. - beijou a cabeça dela. - Acho que por isso quis trazer você aqui, pra alinhar meus dois pontos positivos.

Ela levantou um pouco o rosto, dedicando uma atenção especial ao semblante do namorado. Então fechou os olhos, esticou levemente o corpo e lhe alcançou os lábios, sua boca prendeu-se à dele com delicadeza e lentidão; adorava beijar Christopher.

Afastou-se em seguida, voltou a encostar as costas em seu peito, e então terminou de tomar toda a água de coco.

— Christopher. - colocou o coco na areia, justo ao lado do dele.

— Diga. - deslizava levemente dois dedos pela perna dela.

— Fiquei pensando sobre tudo o que aconteceu hoje. - comentou.

— Então é isso que tem te mantido tão longe de mim? - disse com tom descontraído. - Te notei estranha desde que deixamos sua mãe em casa, mas não quis comentar nada, achei que talvez fosse melhor dar o seu espaço.

— Gosto disso em você. - confessou. - Você nunca me pressiona.

— Não quero ter que fazer isso. - ela sorriu. - O bom é que seja genuíno. Assim como tudo o que sinto e faço por você. Apenas genuíno, espontâneo.

— Ontem à noite foi... foi muito bom. Eu havia claramente me desacostumado à sextas-feiras como aquela. - sentiu a outra mão dele pousar em seu braço. - E hoje, mesmo que tenha me pegado de surpresa, foi muito bonito tudo o que você fez pela minha mãe.

— Eu não tive uma infância muito carinhosa, a minha mãe não faria por mim metade do que sua mãe faz ou faria por você, talvez por isso eu dê tanto valor para a minha sogra. - a ruiva riu. - Porque quero dar a ela o amor que minha mãe nunca quis receber, da mesma forma gosto de como ela me trata quase como um filho.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora