Parte 26

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02 de Maio de 2014 – Barra da Tijuca - Rio de Janeiro, Brasil

Como de costume, naquela sexta-feira Christopher acordou cedo e preparou o café da manhã com pães de queijo. Comeu com a namorada na cama, conversaram durante o trajeto no carro, e ele a deixou na porta da academia de ballet. O combinado era se encontrar com ela apenas no final do dia, já que ela almoçaria com Blanca.

Foi para o escritório, envolveu-se em uma demorada reunião até o fim da manhã, e assim que pôde finalmente voltar para a própria sala, já tinha uma nova visita.

— Bom dia, Uckermann. – abriu um sorriso enorme ao vê-lo. – Ou deveria dizer: bom dia, cunhado?

—Bom dia, Alejandro. – fez cara feia e fechou a porta da sala. – O que faz aqui tão cedo?

— Calma, brother. – riu, confortável na cadeira. – Não se esqueça de que antes de sermos da mesma família, nós temos negócios.

— Eu já sei. – deu a volta na mesa e sentou-se de frente para ele. – Mas com o projeto está tudo certo.

— De fato. – riu ao falar. – Eu vim falar da Dulce mesmo.

— Não sei nada dela. – desviou o olhar. – Não mais.

— E ontem estavam juntos no restaurante por quê? – calmo.

— Você está delirando. – sem jeito.

— Christopher, como você deve se lembrar, eu reconheço a minha irmã de longe, não importa o tempo que passe. – piscou. – Se quer saber, fico feliz que estejam juntos.

— Feliz?

— Evidentemente, preferiria que ela não tivesse ninguém, mas...

— Engraçado ouvir isso da boca de quem a deixou ser violentada durante anos dentro da própria casa. – interrompeu-o.

— Não machuquei a minha irmã. – irritou-se. – Não podia fazer nada por ela. Nem ela sabe se isso tudo foi verdade, ela era uma criança.

— Exatamente. – perdeu a paciência. – Ela era uma criança, e foi violentada dia pós dia, dentro de casa, pelo seu tio. Ela era só uma criança.

— Chega, Christopher. – levantou-se. – Não tente colocar a minha irmã contra mim ou contra os meus irmãos.

— Não preciso, vocês fizeram isso sozinhos.  – olhou-o nos olhos.

— Estamos recuperando o tempo perdido. – apoiou uma das mãos na cadeira e colocou a outra no bolso da calça. – Preciso do endereço dela, quero falar com ela e com a minha mãe.

— Não sei nada disso. – abriu o notebook.

— Namora a minha irmã e não sabe onde ela mora? Não se faça de idiota pra mim, anda, Christopher. – revirou os olhos. – Quero o endereço. Isso é importante.

— Também é importante a saúde e a segurança não só da Dulce quanto da mãe dela também.

— Minha mãe. – corrigiu-o.

— Não vou passar nada. – firme.

— Pelo nosso contrato. – sério.

— Cancele o projeto, se quiser. – fitou-o. – Dulce vem em primeiro lugar.

— Avise-a que eu já cansei de ficar longe da minha mãe. Eu estou cansado disso. – deixou a sala logo em seguida.

— Puta merda. – levou as mãos ao rosto, sem saber o que fazer, já não sabia a melhor maneira de proteger a namorada.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora