24 de Outubro de 2014 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil
— Dul? – a voz de Christopher quebrou o silêncio no quarto. – Meu amor?
A morena, que até então passava o creme nas pernas, levantou o olhar até o noivo, vendo-o apenas com a boxer azul.
— Oi. – sorriu pra ele. – Estava distraída.
— Eu sei, você está distraída desde que voltamos pra casa. – sentou-se na cama. – Não falou quase nada.
— Me desculpe, amor. – guardou o creme no criado mudo. – Minha cabeça está cheia.
— E não quer dividir? – deitou-se de lado na cama. – Ouvi dizer que desabafar com o noivo é uma das ações mais eficazes para recuperar a alegria e esvaziar a cabeça.
— Onde você leu isso? – virou-se para ele. – Em alguma revista de arquitetura?
— Sim, exatamente. Como era mesmo o nome? – fingiu pensar. – Uckermann Arquitetura, acho que era isso.
— Você é um palhaço. – gargalhou, e ele a puxou, deitando-a ao seu lado.
— Você está sorrindo, acho que valeu à pena. – deu um selinho nela.
— Eu tenho muita sorte por ter encontrado você. – disse baixo. – Já te falei isso?
— A sorte é nossa. – mais uma vez lhe beijou os lábios.
— Sua mãe... Quer dizer, você pode ser fisicamente igual ao seu pai, mas sua maneira de ser é dela. – parecia pensar. – Sabia disso? Como fala, como pensa, como age... Você é igual a ela.
— É um elogio? – apoiou um dos cotovelos na cama.
— É uma benção. – deu um leve sorriso. – Ela me acolheu muito bem hoje. Você não estava na hora, mas ela... Sabe, nem acredito que achei que ela pudesse não gostar de mim.
— Eu disse, né? Disse que ela te adorava. – confiante. – É impossível não gostar.
— É mais do que isso. – relembrava o momento. – Sua mãe não é a esposa superficial que transparece ser, aquela que te mima e pensa na Vogue. Ela é forte e inteligente, ela é brilhante!
— Vocês realmente conversaram, hein? – franziu o cenho.
— Ela me abraçou tão forte, Christopher. – fechou os olhos. – Ela me abraçou como a minha mãe. E ela me disse: estou do seu lado.
— O que isso quer dizer? – confuso.
— Eu não sei, mas significou o mundo pra mim. – confessou ao abrir os olhos novamente.
— Eu fico feliz. – deu a mão pra ela. – De verdade, meu amor.
— Você acha que é possível que ela saiba sobre... tudo?
— Tudo... tudo? – assustou-se. – Meu pai, sua mãe, seu pai, seu tio... tudo?
— Sei lá. – deu de ombros. – É muito absurdo pensar isso, né?
— Se ela soubesse, ela contaria, eu acho. – pensava. – E ela teria deixado o meu pai.
— É, pode ser... – achou melhor não insistir. – Seria insano demais, e acho que já temos loucura suficiente.
— Eu concordo. – abraçou-a. – Estou mais interessado em viver a nossa normalidade.
— É o que mais amo em nós. – deitou o rosto no pescoço dele, permanecendo em silêncio por alguns minutos.
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Leblon após às 22h
RomanceO primeiro abuso sexual aconteceu aos 12 anos, mas ninguém acreditou quando ela disse. O pai afirmou que a menina só queria chamar a atenção, os irmãos disseram que não passava de um delírio de garota, ela nem era tão bonita assim. A mãe foi silenci...