Parte 77

338 38 11
                                    

24 de Outubro de 2014 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

— Dul? – a voz de Christopher quebrou o silêncio no quarto. – Meu amor?

A morena, que até então passava o creme nas pernas, levantou o olhar até o noivo, vendo-o  apenas com a boxer azul.

— Oi. – sorriu pra ele. – Estava distraída.

— Eu sei, você está distraída desde que voltamos pra casa. – sentou-se na cama. – Não falou quase nada.

— Me desculpe, amor. – guardou o creme no criado mudo. – Minha cabeça está cheia.

— E não quer dividir? – deitou-se de lado na cama. – Ouvi dizer que desabafar com o noivo é uma das ações mais eficazes para recuperar a alegria e esvaziar a cabeça.

— Onde você leu isso? – virou-se para ele. – Em alguma revista de arquitetura?

— Sim, exatamente. Como era mesmo o nome? – fingiu pensar. – Uckermann Arquitetura, acho que era isso.

— Você é um palhaço. – gargalhou, e ele a puxou, deitando-a ao seu lado.

— Você está sorrindo, acho que valeu à pena. – deu um selinho nela.

— Eu tenho muita sorte por ter encontrado você. – disse baixo. – Já te falei isso?

— A sorte é nossa. – mais uma vez lhe beijou os lábios.

— Sua mãe... Quer dizer, você pode ser fisicamente igual ao seu pai, mas sua maneira de ser é dela. – parecia pensar. – Sabia disso? Como fala, como pensa, como age... Você é igual a ela.

— É um elogio? – apoiou um dos cotovelos na cama.

— É uma benção. – deu um leve sorriso. – Ela me acolheu muito bem hoje. Você não estava na hora, mas ela... Sabe, nem acredito que achei que ela pudesse não gostar de mim.

— Eu disse, né? Disse que ela te adorava. – confiante. – É impossível não gostar.

— É mais do que isso. – relembrava o momento. – Sua mãe não é a esposa superficial que transparece ser, aquela que te mima e pensa na Vogue. Ela é forte e inteligente, ela é brilhante!

— Vocês realmente conversaram, hein? – franziu o cenho.

— Ela me abraçou tão forte, Christopher. – fechou os olhos. – Ela me abraçou como a minha mãe. E ela me disse: estou do seu lado.

— O que isso quer dizer? – confuso.

— Eu não sei, mas significou o mundo pra mim. – confessou ao abrir os olhos novamente.

— Eu fico feliz. – deu a mão pra ela. – De verdade, meu amor.

— Você acha que é possível que ela saiba sobre... tudo?

— Tudo... tudo? – assustou-se. – Meu pai, sua mãe, seu pai, seu tio... tudo?

— Sei lá. – deu de ombros. – É muito absurdo pensar isso, né?

— Se ela soubesse, ela contaria, eu acho. – pensava. – E ela teria deixado o meu pai.

— É, pode ser... – achou melhor não insistir. – Seria insano demais, e acho que já temos loucura suficiente.

— Eu concordo. – abraçou-a. – Estou mais interessado em viver a nossa normalidade.

— É o que mais amo em nós. – deitou o rosto no pescoço dele, permanecendo em silêncio por alguns minutos.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora