Parte 144

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09 de Dezembro de 2014 – Estado do Rio de Janeiro, Brasil

— Dulce? – Viviane foi até a morena, agachando-se ao seu lado e lhe cutucando seguidas vezes o ombro. – Dulce! Acorda!

— Hm? O que foi? – desencostou-se da parede e virou-se de frente para ela.

— Até quando vai continuar dormindo encostada na parede? – girou os olhos.

— Não estou dormindo na parede. – olhou-a.

— Ah, não? – ironizou. – E você não sai mais dessa parede por quê?

— Porque estou estudando como tirar você daqui.

— O que? – franziu o cenho.

— O sol bate na parede, ela esquenta. Fica mais quente perto do meio do dia, dura até o início da tarde, imagino que umas cinco horas. Depois o sol se põe e ela esfria. – sentou-se no chão. – Ouço passos muito próximos, o que me leva a pensar que estamos no térreo.

— Tirou tudo isso de informação apenas dormindo aí? – confusa.

— Ele sabe sobre o bebê. – encarou-a. – Antonio.

— Sim, mas...

— Não posso deixar nada te acontecer. – seguiu. – Ele é meu sobrinho. Eu tenho que achar uma maneira de tirar você daqui.

— Dulce, que loucura está dizendo? – séria.

— Vou tirar você daqui. – repetiu, agora mais firme. – Você e o bebê.

— Não vou a lugar algum sem você.

— Essa criança é a resposta. Ela importa mais que qualquer outra coisa. – disse, mas a loira negou com a cabeça. – Você precisa sair.

— Não irei sem você! – tocou-lhe a perna. – Está maluca? Se chegamos juntas, sairemos juntas!

— Viviane, o que eu falo tem sentido, é por isso que ele não fez nada com você, me entende agora? – encarou-a. – Ele vai fazer depois. Se você tiver esse filho, essa criança terá direito a muita coisa na família, e por "família", entenda: empresa.

— Não. – confusa. – Eu não estou entendendo nada.

— Pensei nisso a noite toda. Pra ele eu sou a vingança do passado, mas você é a ameaça do futuro. Bem, o seu filho é. – a loira arregalou os olhos. – Precisa sair daqui.

— Não. – negou com a cabeça. – Não posso ir sem você.

— Deve ir sem mim! – arqueou as sobrancelhas. – Deve! E eu vou te tirar daqui. Me dê apenas mais um dia ou dois, ainda há pontos que não consegui decifrar.

— E não podemos fazer isso juntas? – séria. – Eu e você.

— Alguém tem que ser a isca. – disse em tom óbvio. – Que seja aquela que tem menos a perder.

— Dul...

— Eu não fui feita pra ser feliz. – deu de ombros. – Se torna mais fácil quando aceitamos quem somos e a que viemos.

— E na sua concepção, que é bem errada, você veio para que?

— Para tudo aquilo o que ele disse ontem. A culpa é minha. – simples. – E eu vou pagar sozinha por isso. Essa merda acaba em mim, ninguém mais vai passar por isso na família.

— Que esse louco tenha perdido a família, não é culpa sua. Que seu pai tenha usado o dinheiro para te salvar, não é culpa sua! – segurou-a pelos ombros. – Preste atenção! Você está enlouquecendo assim como ele!

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora