17 de Dezembro de 2014 – São José do Vale do Rio Preto – Rio de Janeiro, Brasil
— Fique aí. – o homem entrou com Dulce no quarto, colocando-a sentada na cama.
— Eu não fiz nada! – acariciou os próprios braços. – Ninguém disse nada! Como está o Christopher? Onde está o Danilo? O que...
— Fique quieta! – o enfermeiro gritou. – Se não quiser voltar para os remédios, então fique quieta. – ela encolheu-se na cama. – Já entendeu o que houve com os seus irmãos e a sua amiga. Não busque esse mesmo caminho para o resto da sua família! – arqueou as sobrancelhas, saiu do quaro e trancou a porta.
Dulce deitou-se na cama, abraçando as próprias pernas e fechando os olhos enquanto chorava em silêncio. Havia estado tão perto de Christopher e Mateus! Por um momento ela simplesmente alimentara a esquecida esperança de conseguir sair de tal situação.
Cobriu-se e abraçou o travesseiro, mas o braço esbarrou no papel deixado ali. Levantou o travesseiro e viu a última foto que tirara com o noivo antes da viagem do homem a São Paulo.
Sentiu o coração acelerar, a vista embaçou diante de tantas lágrimas e o corpo todo pareceu tremer de nervoso e felicidade. Christopher sabia que ela estava ali! Ele a havia encontrado! Ele não desistiria!
Havia uma chance, uma pequena chance, da mensagem de Manuele não ser real; sua cabeça agora dava mil voltas com os mais diversos pensamentos e teorias.
Virou a foto e encontrou no verso a frase que, embora pequena, deu a ela toda a força de que precisava.
A Dulce muda o jogo
Te amo— Christopher. – sussurrou. – É isso.
Aquela frase tinha tanto! Tanto dela, tanto dele, tanto do momento que viviam, da relação que construíram, de tudo o que passaram; aquela frase era tanto!
— Marie é linda, você sabe, né? – estalou a língua. – Ela é destemida, é atrevida, tem ideias insanas e me tira do centro.
— Sei bem disso. – desviou o olhar.
— Mas... – levantou-se e puxou a cadeira para o lado dela.
— Mas o que? – perguntou baixo.
— Mas a Dulce muda o jogo. – aproximou o rosto do dela. – Ela é inteligente, é divertida, ela cozinha jantares especiais, cai no gosto da minha mãe, conquista a família inteira e me conquista todos os dias. – ela sorriu de leve. – Ela me escuta, implica comigo, e eu nem sei como, mas ela me ama. E na cama... – sussurrou-lhe ao pé do ouvido. – Ela me deixa louco do jeito que nenhuma consegue fazer. Nem a Marie. – concluiu. – Ela é o tipo de mulher que muda o jogo.
— Christopher... – uma única lágrima escorreu.
— Adoro todas as suas versões, Dul. – secou o rosto dela. – Mas sou apaixonado pela sua essência.
Era tão óbvio agora! A força que precisava não viria de lugar algum, não deveria se arriscar por ninguém, por nenhum sobrinho, irmão ou noivo; ela deveria se arriscar por ela. Ela tinha tudo o que precisava para sair dali, só precisava olhar... para frente.
Encarou o guarda-roupa, notou-o meio aberto e como num estalo, a ideia estava formada.
— Entendi, Christopher. – guardou a foto. – Eu entendi tudo.
Levantou-se e foi até a porta, colocando o ouvido dele para saber se havia alguém se aproximando. Ao notar que estava só, foi até o guarda roupa e correu a porta até abri-la por completo.
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Leblon após às 22h
RomanceO primeiro abuso sexual aconteceu aos 12 anos, mas ninguém acreditou quando ela disse. O pai afirmou que a menina só queria chamar a atenção, os irmãos disseram que não passava de um delírio de garota, ela nem era tão bonita assim. A mãe foi silenci...