Parte 14

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13 de Abril de 2014 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

20h. Christopher havia terminado de cozinhar, montara toda a mesa de jantar, deixara o vinho preparado, e o presente que pretendia entregar para a ruiva. Era só esperar que ela chegasse.

Mas os minutos correram, o relógio logo indicou 20h15, e então 20h30, por fim 21h. Dulce levava simplesmente uma hora atrasada.

Christopher encarou o celular, já havia ligado inúmeras vezes para ela, mas o número só dava caixa postal.

— Dulce, Dulce... - tentava ligar para ela novamente. - Puta merda! - mais uma vez a ligação caíra direto na caixa postal.

Sentou-se no sofá e respirou fundo. Ela não apareceria. Seria exatamente como passara em Angra dos Reis, haviam combinado, acertado detalhes, e no final ela não havia aparecido. Quando é que aprenderia que Dulce jamais o colocaria em primeiro lugar?

Foi interrompido pelo toque da campainha. Deixou o pano de prato em cima do sofá e caminhou apressadamente até a porta.

— Mil desculpas pela demora. - a ruiva corou. - Mil desculpas mesmo!

— Achei que não viesse. - disse ainda meio atônito por vê-la ali.

— Eu disse que viria. - sorriu de lado. - Mas é que você mora do outro lado do mundo, ou seja, não é fácil vir de ônibus. Me atrasei pra sair de casa, e depois das 18h o trânsito fica de matar.

— Ah, Dulce... - riu e a puxou para um abraço.

— Cuidado, cuidado. - afastou-se. - Minha mãe mandou um bolo de cenoura com chocolate. - apontou o pote nas mãos.

— Ela mandou? - fechou a porta do apartamento atrás dela.

— Ela meio que bisbilhotou demais até descobrir sobre a sua existência, e quando eu disse que viria jantar, ela me apareceu com isso. - indicou o pote. - Segundo ela, é pra que ela "te conquiste pela barriga".

— Contou pra sua mãe sobre mim. - pasmo.

— Não contei, não fiz grande caso disso. - colocou a bolsa no sofá e tirou o casaco, revelando o vestido azul de renda e manga comprida. - Mas ela ficou perguntando aonde eu ia, e aí eu disse: vou jantar com o Christopher.

— Hmm... - sorriu bobo.

— E ela veio "Christopher quem?" - imitou a voz da mãe. - E eu disse: o Christopher, arquiteto, 25 anos. Isso é tudo que ela sabe de você agora.

— E me mandou um bolo? - sorria lateral.

— Mãe é mãe. - corou. - Você sabe como é.

— Mãe é mãe, mas eu duvido que a minha mandaria um bolo se eu dissesse apenas Dulce, Vogue, 23 anos. - ela riu. - Eu teria que dizer algo a mais pra convencê-la a enviar um bolo assim... - a ruiva deu um passo para trás. - Algo tipo... não sei... 'estou saindo sério com ela'.

— É sua mãe, né? - sem jeito. - A minha é diferente.

— Será que você não disse que estava saindo comigo?

— Não disse nada. - colocou o pote no sofá. - E deixe de ser chato. Agradeça o bolo e pronto.

— Vou adorar experimentar o bolo da minha sogra. - puxou-a pela cintura.

— Você é tão ridículo, Christopher. - passou os braços pelo pescoço dele. – Não tem nada demais no bolo.

— Tem que foi a minha sogra quem fez. – deu um selinho nela. – Mas não se preocupe, sou paciente e vou deixar você se acostumar com isso.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora