Parte 43

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11 de Agosto de 2014 – Catete – Rio de Janeiro, Brasil

Dulce deixou o hospital antes das oito e meia da noite e foi direto para casa, precisava descansar do dia longo que tivera.

Assim que chegou ao apartamento, a primeira coisa que fez foi tomar banho e se livrar da "roupa de hospital".

Colocou o short preto, a blusa larga de manga curta e deixou o cabelo molhado e solto. Foi até a cozinha, abriu o armário e olhou para a despensa durante alguns segundos; não tinha ideia do que faria para comer.

— Por favor, que ainda tenha miojo. – cruzou os dedos e tirou alguns pacotes. – Ah, graças a Deus! – escutou o interfone. – Urgh! – caminhou preguiçosamente até o telefone. – Pronto.

— Boa noite, dona Dulce, é aqui da portaria, o senhor Christopher está aqui.

— Está? – arregalou os olhos.

— Sim... posso deixar subir?

— Ahn, é... pode. – disse logo. – Claro que pode. Peça pra ele subir, por favor.

— Claro.

— Obrigada. – desligou o interfone. – Merda! – correu até o banheiro, penteando o cabelo com pressa. – Justo agora que estou baranga. Ai, por que você não liga e avisa com antecedência, Uckermann? – ajeitou a blusa. – Meu Deus, isso está péssimo! Está péssimo demais! – escutou a campainha. – Droga!

Olhou-se no espelho, jogou o cabelo para o lado, respirou fundo e então foi atender a porta, tentando não deixar transparecer o nervosismo.

— Hey. – ele segurava a pizza. – Por favor, me diga que ainda não jantou.

— Eu não jantei. – sorriu alegre. – E você salvou a minha noite. – deixou que ele entrasse no apartamento. – Ia reclamar por você vir sem avisar, mas nem vou falar mais nada.

— Eu pensei em ligar, mas aí você provavelmente diria que estava bem e não precisava de nada. – riu. – Já sei que não posso confiar em você pra essas coisas.

— Ia discutir, mas de novo: você trouxe pizza. – levou-o até a cozinha. – Estou sem argumentos.

— É metade de queijo e a outra metade de frango catupiry. – colocou a caixa em cima da mesa. – E agora?

— Vou ter que começar a te encher de elogios. – riu. – Você acertou em cheio. Eu ia sobreviver de miojo.

— Você não aprende nunca. – piscou.

— Me desculpe? – pegou os pratos no armário. – Está bom assim? – ele riu.

— Como foi com a sua mãe? Te deixaram entrar mesmo?

— Sim, me deixaram. – colocou os pratos na mesa, e logo fez o mesmo com os copos.

— Como ela está?

— Ainda não acordou. – passou os talheres pra ele. – Mas pelo menos pude vê-la, pude tocá-la, sabe? Coisa que eu não podia antes. – pegou o refrigerante na geladeira. – E agora sei que ela está bem.

— Posso imaginar como se sente. – sentou-se à mesa com ela.

— É como um sonho. – encarou-o. – A sensação de saber que ela não vai mais sofrer por nada, que daqui pra frente será... será uma vida normal. Sem mais fraquezas, sem mais choros, medicamentos fortes... Ela ficará bem.

— Você sabe que é a responsável por tudo isso, não sabe?

— Que ela nunca saiba como. – sussurrou, enquanto ele partia a pizza. – Acho que colocaria tudo a perder.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora