— Dulce? – ele gritou da sala, fazendo-a pular de susto. – Eu preciso ir. Você demora?
— Merda. – sussurrou para si mesma, respirou fundo e então foi até a sala. – Não, eu já estou aqui. Escuta, está com muita pressa?
— Um pouco. – olhou-a. – Vai conseguir comer? Porque se você não for, eu vou pegar qualquer coisa no escritório mesmo.
— Tudo bem. – por um instante perdeu-se na imagem dele, ele ficava ainda mais bonito quando fazia a barba. – Não quero te atrasar. Podemos... hm... podemos jantar juntos?
— Sua mãe vai querer falar com você. – lembrou-a outra vez. – Talvez jantar contigo. Ela já queria ter feito isso ontem.
— Pode ficar para amanhã. – aproximou-se dele. – Eu prefiro jantar com você.
— Então tudo bem. – afastou-se e pegou a pasta no sofá. – Eu já vou. Tem um aparelho reserva na gaveta do rack, se precisar de um celular provisório.
— Vou recuperar o meu. – sorriu quando ele colocou o terno. – Christopher?
— Devo chegar perto das oito. – aproximou-se e lhe beijou a testa. – Bom dia.
— Christopher. – puxou-o pela mão.
— Oi? – então a olhou.
— Tudo bem?
— Claro. – tentou soltar-se, mas ela o segurou com firmeza.
— Está tudo bem? – repetiu, fixando o olhar no dele.
Primeiro ficaram em silêncio, ela se esforçava para entendê-lo, e ele ponderava em silêncio se realmente queria tal conversa naquele momento. Aprendera que mentir para ela sempre seria a pior opção, então escolheu a verdade.
— Você acha que está tudo bem? – ele perguntou, colocando a pasta na cadeira.
— Isso foi o que eu te perguntei. – franziu o cenho.
— Estou tentando falar com você há dois dias. – respirou fundo. – Quero ficar numa boa contigo, mas você parece que não quer, e eu odeio viver assim, portanto, Dulce, não. Não está tudo bem.
— Estava magoada. – confessou. – Estava magoada pela forma que as coisas aconteceram, pelo que você me disse.
— Eu me expressei mal. Acha que eu faria qualquer coisa para te magoar? Na boa, Dulce, de verdade, você acha isso? – encarou-a. – Me responda de verdade.
— Não, claro que não. – mordeu o lábio inferior. – Mas não gostei da forma que você me fez sentir. Como se o sexo fosse um acordo, como se eu tivesse feito algo esperando por um pagamento. – ele arregalou os olhos ao escutá-la. – Escutei tantas vezes que eu não deveria deixar uma cama sem ter feito muito bem a minha parte e que o cliente tinha sempre que se sentir satisfeito. E foi exatamente assim que eu me senti.
— Eu fui muito infeliz no meu jeito de falar, eu sei disso, eu te peço desculpa... eu te peço perdão por isso. – aproximou-se. – Eu quis dizer que não queria ter falhado contigo, eu quis dizer que estava absolutamente louco por você, e morrendo de raiva pelo meu corpo não entender isso. – a mão dela buscou a dele. – Nunca tinha acontecido contigo, eu reagi muito mal, eu não... eu não quero nunca falhar contigo. E gostaria de não ter errado, gostaria de ter reagido melhor e não ter falado nada do que eu disse. Te peço perdão, mas infelizmente é só isso que posso fazer. – entrelaçou os dedos aos dela. – Te pedir perdão e dizer que não vou mais errar da mesma forma. Tento ser o melhor para você, mas infelizmente eu também erro, não consigo agradar sempre. E não quero ser crucificado por isso.
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Leblon após às 22h
RomanceO primeiro abuso sexual aconteceu aos 12 anos, mas ninguém acreditou quando ela disse. O pai afirmou que a menina só queria chamar a atenção, os irmãos disseram que não passava de um delírio de garota, ela nem era tão bonita assim. A mãe foi silenci...