Leblon após às 22h

Parte 114

01 de Dezembro de 2014 – Uckermann Arquitetura – Corredor – Rio de Janeiro, Brasil

Fernando permaneceu por algum tempo mais na sala, refletia sobre a intensa conversa que tivera com a ex-mulher. Pensava em tudo o que a filha vivera, pensara em tudo o que dera para Manuele e questionava-se sobre o desejo da menina em querer se aproximar de Christopher naquele momento; precisava cortar aquele contato o quanto antes. Ao mesmo tempo, também tinha muito o que conversar com Telma, a versão de Blanca não se assemelhava em nada ao que a mulher lhe contara antes.

Com receio de que o encontrassem ali, saiu da sala, mas mal abriu a porta e deparou-se com os filhos.

— Alejandro! – Fernando exclamou, surpreso. – Eu já estava...

— Falando com a minha mãe. – cortou-o. – O que tem pra falar com ela?

— O que? – fingiu não entender. – Não tem nada. Claro que nada.

— É verdade? – Rafael aproximou-se com Daniel.

— É verdade. – Alejandro disse com firmeza. – Já percebi que sim.

— Não devo satisfação a nenhum de vocês. – mirou os filhos. – Sua mãe e eu ainda temos assuntos pendentes.

— Que tipo de assuntos? – Rafael indagou.

— Vocês dois estão debilitados. – Daniel ponderou. – Não deveriam se meter a nenhuma situação desgastante.

— É assunto nosso, fim. – reclamou. – Parem de especular.

— Você sumiu por um bom tempo. – Alejandro o encarou. –  E eu não quero perder a minha mãe outra vez!

— Perder? – Rafael mirou o pai. – O que disse pra ela?

— Não disse nada! – Fernando estressou-se.

— Pai! – Alejandro respondeu no mesmo tom.

— Pessoal! – Daniel tentou contê-los ao ver Mateus passar por ali. – Aqui não é lugar pra isso.

— Não existe lugar pra isso! – Fernando encerrou. – Houve uma conversa amigável e necessária, isso é tudo o que vocês precisam saber.

— Então tudo bem, chega desse assunto. – Daniel pediu.

— Pai. – Rafael mirou o homem. – Por favor, não quero que Dulce e a minha mãe se afastem novamente.

— E o que? Onde eu influencio nisso? – mirou o filho. – Não pedi para a sua mãe sair de casa, e se eu pudesse, teria prendido a sua irmã dentro de casa, da primeira vez.

— Pai! – Daniel olhou-o com seriedade.

— Isso era o que deveria ter feito. – Alejandro esbravejou. – Mas agora é tarde demais.

— Era tarde demais há muito tempo. – Daniel interveio. – Dulce reclamou da primeira vez, já sabemos como as coisas aconteceram.

— Sabemos que a sua mãe, como de costume, estragou a minha relação com a sua irmã!

— Pai! – Rafael o olhou com espanto.

— Hey! – Dulce os olhou.

— Minha filha. – Fernando encerrou o assunto no mesmo instante.

— Sobre o que falam? – aproximou-se com seriedade. – Dá pra ouvir a discussão de longe.

— Que bom te ver. – Daniel lhe estendeu a mão e ela aproximou-se.

— Estávamos resolvendo algumas questões da empresa. – Alejandro tomou a iniciativa e o pai concordou com a cabeça.

— Não sabia que viria. – Daniel beijou-lhe o rosto. – Está tudo bem?