Parte 126

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05 de Dezembro de 2014 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

Dulce voltou para o prédio em silêncio, os olhos pesados e cansados, a mente exausta por todo o estresse que passara.

Entrou no apartamento, troco de roupa e caiu na cama, maldita fora a hora que acordara, deveria ter dormido o dia todo.

Deixou o celular na cabeceira, enrolou-se debaixo do cobertor e em pouco segundos já havia caído no sono.

Dormiu por quase três horas, e provavelmente iria muito mais longe, se o celular não a tivesse acordado.

Girou-se na cama e estendeu a mão até o aparelho, atendendo-o sem nem abrir os olhos.

— Alô? – a voz saiu rouca e ainda cansada.

— Amor? – Christopher perguntou carinhoso. – Fala comigo.

— Que é? – seguia de olhos fechados.

— Não consigo te ver.

— É vídeo? – então abriu os olhos. – Espere aí. – esticou o corpo e bateu a mão no interruptor para acender a luz, então deitou-se de lado na cama e pegou o celular, segurou o sorriso ao vê-lo no quarto, sem gravata e os botões da camisa abertos. – Oi.

— Oi. – sentiu-se aliviado por vê-la outra vez. – Tentei te ligar o dia todo.

— Tive um dia intenso. – exalou. – Cheguei cansada e precisei dormir. O que você quer?

— Conversar. – disse, quase como um pedido. – Você desligou na minha cara, não me atendeu mais, eu não... não fico em paz com esse clima entre nós.

— Estou cansada. – olhou-o. – Não um cansaço físico, mas um cansaço mental, de energia, de... de ter que aguentar tudo isso. Estou cansada da vida.

— Me escuta? – ela assentiu. – Sabe que eu não minto pra você, que nunca menti, que não preciso fazê-lo em hipótese alguma, porque sou sempre transparente contigo. E se eu omiti um único fato, foi só pra não te deixar da maneira que você acabou ficando, porque você sabe... na boa, amor, sabe que não vou falar com ela. Eu não tenho o menor motivo para... – viu-a com os olhos marejados. – Dul! O que foi, meu amor?

— Quero você aqui. – permitiu-se chorar. – Ai, Christopher, quero você. Não aguento mais nada disso. Não aguento a minha família, não aguento a situação, a Manuele, esse monte de mentiras, intrigas e... falsidades. Eu não aguento. – o choro aumentou. – Eu não deveria ter deixado você ir, me arrependi. Tudo sem você desanda, eu estou tão cansada.

— Hey, hey! Meu amor... – deitou-se na cama e aproximou o rosto do telefone. – Meu amor, olhe pra mim. Vamos recuperar a nossa vida, volto amanhã e tudo será como antes... aliás, será melhor do que antes. – os olhos marejaram e ele segurou-se para não deixar a lágrima escapar. – Vou ficar com você, vamos nos afastar de todo mundo, vamos esquecer tudo e só pensar em nós.

— Eu fiquei muito mal por tudo que houve hoje cedo. – secou o rosto. – Porque me senti muito insegura, sozinha e traída, e você... senti que não ia poder contar nem com você, e aí eu fiquei...

— Dul, por favor. – sussurrou. – Por favor, eu estou sempre aqui pra você, com você, eu estou...

— Desenhei várias cenas suas com a Manuele. – ele arregalou os olhos e negou seguidas vezes com a cabeça. – Eu te amo tanto, eu... eu me sinto idiota, mas a verdade é que eu só tenho você e a minha mãe. E eu tento confiar nas pessoas, mas eu não consigo.

— E nós estaremos aqui! – sorriu emocionado. – Eu sempre estarei aqui. Não tem que se sentir idiota, porque todo o seu sentimento é inteiramente bem correspondido. Porque te amo mais do que qualquer coisa nessa vida, porque você é o sentido de tudo e porque, eu aposto, sua mãe é a segunda pessoa que mais te ama. Ela só perde pra mim.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora