Parte 36

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24 de Julho de 2014 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

Christopher chegara ao restaurante por volta de oito horas da noite, e como sempre, espero pelo irmão por quase 20 minutos; Poncho nunca conseguia cumprir com o horário marcado.

— Não faça essa cara pra mim. – brincou ao aproximar-se da mesa e receber o olhar impaciente do irmão mais novo.

— Qualquer dia você vai perder uma audiência com esse seu relógio sempre atrasado, sabia? – revirou os olhos. – Porra, cara!

— Foi mal, brother, tive que resolver umas coisas com a Any. – sentou-se de frente pra ele.

— Resolver umas coisas? Estava comendo a sua mulher. – reclamou. – Quem come a esposa às sete horas da noite?

— Saímos mais cedo do escritório, na verdade. – sorriu de lado.

— Cale a boca. – negou com a cabeça. – É cada uma.

— Relaxa, já estou aqui. – acenou para o garçom. – O que pediu pra tomar?

— Cerveja, né? Preciso de muita cerveja pra te esperar por quase 20 minutos aqui.

— Amigo, traz uma pra mim também. – apontou a cerveja do irmão, e o garçom apenas concordou. – Valeu. E aí, cara, qual é o motivo disso aqui?

— Estou com problemas com um fornecedor. – pegou o celular. – Como ele falou em entrar na justiça, já quero começar a estudar como vou me defender.

— Coisa grande ou coisa pouca? – franziu o cenho.

— Espero que seja possível parar enquanto ainda é coisa pouca. – entregou o celular pra ele. – Esse foi o e-mail que ele me mandou. Queria responder à altura, mas achei melhor te consultar antes.

— E-mail é um tipo de prova fácil, às vezes é melhor não falar nada. Vamos ver isso aqui... – passou a ler.

— Ele encheu de ameaças. – complementou.

— Espere aí. – concentrou-se no e-mail.

— Com licença. – o garçom se aproximou e deixou a cerveja em cima da mesa.

— Valeu, cara. – Christopher agradeceu, vendo que o irmão estava concentrado com o que lia.

Apoiou os braços na mesa e olhou ao redor, reparando nas pessoas que jantavam ali, e nos casais que entravam e saiam do restaurante.

Seu olhar, entretanto, fixou-se no casal que caminhava entre as mesas, acompanhados de um garçom.

O vestido preto curto, as pernas bem torneadas e o longo e sedoso cabelo vermelho; ele poderia identificá-la até mesmo de olhos fechados.

Piscou seguidas vezes, para ter certeza de que não estava delirando, mas em todas elas a única imagem se que formava era Dulce acompanhada de Lucas San Martín. O homem caminhava orgulhosamente ao lado dela.

Puxou uma cadeira para a ruiva, sentou-se ao seu lado e receberam o cardápio do garçom. Ele pareceu fazer um pedido rápido, o garçom se retirou, e então o homem beijou lentamente os lábios da mulher, seguido de um cheiro no pescoço, para que só então ele desse atenção ao cardápio antes deixado ali.

Dulce, por sua vez, passou uma das mãos pelo cabelo e correu rapidamente com os olhos pelo lugar, apenas se certificando de que não havia nenhum conhecido ali.

Só então seus olhos se cruzaram com os da ruiva. Ela abriu a boca, sem fôlego, enquanto ele a encarava num misto de ansiedade e decepção. Não disseram nada ou deixaram transparecer o que havia ocorrido, apenas seguiram olhando-se por alguns segundos mais.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora