Parte 102

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26 de Novembro de 2014 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

— Então... – Dulce colocou o cinto de segurança e mirou o amigo. – Qual é a dessa parceria?

— Hãn? – Mateus a olhou, rindo ao final. – Não me diga que vai falar de negócios comigo.

— Não, palhaço. – deixou a bolsa no colo. – Mas estou curiosa. Christopher me disse que o novo arquiteto tinha ideias bem... firmes.

— Você sabe que não sou de mudar de opinião. – confessou.

— Christopher também não. – sorriu. – E a julgar pelo que ele me contou, eu imaginei que vocês dois se dariam bem.

— Honestamente? – ela assentiu. – Gosto da forma que ele trabalha, imagino que nós nos entenderíamos sem grandes desavenças, mas quanto aos seus irmãos... eu fico com um pé atrás.

— Pois fique com os dois! – riram juntos. – Eu não me meto nos assuntos do Christopher, não com relação ao trabalho, pelo menos, mas ele tem estado bem estressado com essa parceria. E se fosse apenas a minha família, eu te diria que é uma grande cilada, mas tendo o Christopher por perto... digo, eu daria uma chance.

— Você vai se casar com ele! – disse em tom óbvio.

— Estou falando de maneira imparcial! – levantou uma das mãos. – Eu juro!

— Jura bem jurado? – olhou-a de soslaio, lembrando-se da brincadeira da infância.

— Bem juradinho. – levantou apenas o dedo mindinho para ele.

— Confio em você. – entrelaçou o dedinho com ela e então riram. – Então, me conta, como foi parar em uma revista?

— Acho que tem influência sua, sabia? – soltaram as mãos.

— Eu sempre fui muito influente. – soou convencido. – Embora nem sempre ganhasse a batalha com você.

— Você sempre ganhava. – arqueou a sobrancelha. – Só não ganhava quando não queria, e aí me deixava vencer.

— É o que você pensa. – olhou-a de soslaio, sem querer confessar.

— É a verdade. – então sorriu. – Mas enfim, acho que de tanto desenhar com você, eu fui pegando gosto pela coisa. Mas diferente de você, eu não quis os prédios e casas.

— Escolheu as roupas. – completou por ela. – Gostaria de ver uma coleção sua.

— Algum dia, quem sabe? – deu de ombros. – Mas vou cuidar do meu primeiro desfile esse ano, já será um desafio enorme.

— Esse evento é aberto ao público? – piscou com um olho só.

— Na teoria, não. – riu. – Mas posso te conseguir um convite.

— Sou seu amigo de infância, eu mereço! – notou-a suspirar. – O que foi?

— Nada. – olhou-o. – Eu só... você me lembra a minha infância.

— Isso é algo ruim? – franziu o cenho.

— É diferente. – pareceu pensar. – As coisas foram piorando depois que você foi embora, e isso... não ficaram muitas lembranças boas dessa fase.

— Como foi, para você, assistir a separação dos seus pais? – parou de sorrir. – Eu precisei de terapia, sabe? Para lidar com o pacote "saía do país e pais separados".

— Acho que a vida foi a minha terapeuta. – sentiu-se confortável ao falar. – E eu aprendi a lidar à minha maneira.

— Pelo menos encontrou o seu parceiro para a Grécia, né? Digo, me parece bem claro que é o Christopher. – disse e ela franziu o cenho. – Não é?

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora