Parte 71

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22 de Outubro de 2014 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

A quarta-feira chegou ensolarada para Dulce, que abriu os olhos com certa preguiça. Sentia que havia dormido tempo suficiente e seu corpo finalmente havia descansado; talvez o desgaste da noite anterior a tivesse apagado por completo.

Espreguiçou-se na cama e virou-se para o lado, procurando automaticamente pelo noivo. Estranhou ao não vê-lo ali. Soltou um longo suspiro e logo a realidade começou a se fazer presente.

Os gritos na sala começavam a ganhar forma nos ouvidos da morena.

— Ela terá a vida que quiser! Já passou o tempo em que você mandava em alguma coisa!

— Você é um moleque! Uma criança que não faz ideia de onde está se metendo!

Dulce arregalou os olhos e levantou-se da cama com pressa. Vestiu o primeiro short que encontrou e colocou a camiseta de Christopher.

Nem mesmo procurou o chinelo e foi correndo até a sala do apartamento.

— Ela é a minha noiva! – esbravejou. – E eu vou protegê-la a todo custo, eu não vou deixar... eu não vou permitir que ela se machuque de novo!

— Ela estará protegida ao meu lado! – Fernando bateu a bengala no chão. – Você não entende nada! É um prepotente sonhador, igualzinho ao seu pai!

— Fernando! – Dulce gritou, entrando ali o mais apressada que podia.

— Dul. – o noivo lhe sorriu. – Amor, não queria acordar você e...

— Eu estou bem. – disse logo. – O que ele faz aqui?

— Minha filha, precisamos conversar. – olhou-a. – Por favor.

— Terá que desfazer a confusão de ontem. – ela sentou-se ao lado do noivo. – Eu não quero ser associada a você.

— Me desculpe, isso é impossível. – sincero. – Eles têm fotos suas, você é... você é parte da nossa família. Só de olhar dá pra dizer!

— Serei bem sincera. Minha mãe teve câncer. – contou. – Eu comi o pão que o diabo amassou pra poder pagar o tratamento pra ela, foram anos de sacrifício e agora ela está bem. Por sua culpa nós passamos por um inferno, mas não será por sua culpa que nós vamos voltar pra ele.

— Não tocarei no nome da Blanca. – levantou uma das mãos, em sinal de promessa. – Eu me comprometo. Só peço que você esteja na minha vida. Quero limpar a sua história.

— Por que todos acham que eu sou a filha louca? – riu irônica. – Acha que eu me incomodo com isso? Isso não me afeta, nunca afetou, eu nem mesmo uso o seu sobrenome.

— Me afeta. – sincero. – Você é a minha filha, e eu quero poder cuidar de você. Mesmo que somente agora. Quero que mude seu sobrenome.

— Ah, mas eu vou mudar. – disse logo. – Só não será para o seu.

— Sua mãe te envenenou contra mim. – abaixou o olhar. – Mas eu nunca... eu nunca quis que você se afastasse. Você foi...

— Seu triunfo. – completou por ele. – Sua vingança contra ela.

— Você não sabe de nada. – sincero. – Você foi a luz da minha vida.

— Eu sei, sim. – rebateu. – Infelizmente, eu sei. – os olhos marejaram. – Mas eu cresci, eu não sou mais uma criança.

— Dulce...

— Nós não temos culpa. – a lágrima escapou. – Christopher e eu não temos culpa, pai.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora