Parte 32

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29 de Maio de 2014 - Jacarepaguá- Rio de Janeiro, Brasil

Dulce rodou por todo o salão, e embora tivesse recebido vários olhares de diferentes homens, nenhum deles se aproximara com o ticket. Definitivamente odiava eventos como aquele.

Foi até a mesa de frios, analisando bem o que poderia comer ali sem que tivesse que escovar os dentes outra vez.

— Oi. – aproximou-se, ficando ao lado dela.

Dulce reconheceu a voz no mesmo instante, suas pernas tremeram e ela colocou novamente o guardanapo da mesa, sem coragem para mais nada.

Girou devagar a cabeça na direção do homem, e então teve a visão completa do tio ao seu lado, segurando uma taça de champanhe.

— Acho que me lembro de você. Não estava com o San Martín certa vez? – tocou o braço dela, que automaticamente deu um passo pra trás. – Desculpe. Acho que não se lembra perfeitamente de mim, não é? Antonio Espinosa. – esticou a mão pra ela. – É um prazer. O seu nome é mesmo...?

— Com licença. – sussurrou, saindo rapidamente dali.

Seu coração pulava acelerado dentro do peito, tudo dentro de si parecia tremer, sentia-se nervosa, sem saber a melhor maneira de agir. Queria sair dali, queria voltar pra casa e não correr mais o risco de encontrar o tio.

Caminhava nervosa pelo salão, seus olhos corriam agitados por cada canto do lugar, tentando manter-se o mais longe possível de Antônio.

Parou ao sentir o corpo chocar-se contra o outro, fazendo-a afastar a taça de champanhe para não se molhar.

— Me desculpe. – disse de imediato.

— Sem problema. – o homem sorriu de lado ao falar. – Mailon. – estendeu a mão pra ela.

A ruiva o olhou de cima a baixo, deveria ter a idade próxima de Christopher, mas era um pouco mais alto, tinha os olhos azuis e o cabelo castanho claro, extremamente liso e jogado.

— Marie. – cumprimentou-o.

— Marie? – surpreso.

— Isso. – franziu o cenho. – Algum problema?

— Você sabe algo disso? – pegou o ticket no paletó.

— Sei. – assentiu.

— Seu nome era um dos que me disseram, mas poderia ter outra com o mesmo nome, então fiquei na dúvida. – riu. – Já te deram um desse?

— Ainda não.

— Então. – entregou pra ela. – Teremos tempo pra nos conhecermos melhor.

— Com certeza.

— Eu preciso concluir algumas conversas importantes ainda, mas... – olhou-a de cima a baixo. – Daqui a pouco chamo você e damos o fora daqui.

— Não vou fugir. – piscou discretamente, e então ele afastou.

Já havia encontrado a maneira de sair do lugar, agora só precisava se manter longe do tio e do pai até que Mailon voltasse a se aproximar novamente e ela pudesse sumir dali.

E se tinha algo em que ela era extremamente boa, era em fugir e tornar-se praticamente invisível, se necessário.

Lhe doía o peito apenas o fato de ver Christopher, sabia que provavelmente era a última vez que veria o arquiteto, e por mais magoada que estivesse com ele, ainda era completamente apaixonada pelo homem. Talvez tal sentimento não morreria jamais.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora