29 de Maio de 2014 - Jacarepaguá- Rio de Janeiro, Brasil
Dulce rodou por todo o salão, e embora tivesse recebido vários olhares de diferentes homens, nenhum deles se aproximara com o ticket. Definitivamente odiava eventos como aquele.
Foi até a mesa de frios, analisando bem o que poderia comer ali sem que tivesse que escovar os dentes outra vez.
— Oi. – aproximou-se, ficando ao lado dela.
Dulce reconheceu a voz no mesmo instante, suas pernas tremeram e ela colocou novamente o guardanapo da mesa, sem coragem para mais nada.
Girou devagar a cabeça na direção do homem, e então teve a visão completa do tio ao seu lado, segurando uma taça de champanhe.
— Acho que me lembro de você. Não estava com o San Martín certa vez? – tocou o braço dela, que automaticamente deu um passo pra trás. – Desculpe. Acho que não se lembra perfeitamente de mim, não é? Antonio Espinosa. – esticou a mão pra ela. – É um prazer. O seu nome é mesmo...?
— Com licença. – sussurrou, saindo rapidamente dali.
Seu coração pulava acelerado dentro do peito, tudo dentro de si parecia tremer, sentia-se nervosa, sem saber a melhor maneira de agir. Queria sair dali, queria voltar pra casa e não correr mais o risco de encontrar o tio.
Caminhava nervosa pelo salão, seus olhos corriam agitados por cada canto do lugar, tentando manter-se o mais longe possível de Antônio.
Parou ao sentir o corpo chocar-se contra o outro, fazendo-a afastar a taça de champanhe para não se molhar.
— Me desculpe. – disse de imediato.
— Sem problema. – o homem sorriu de lado ao falar. – Mailon. – estendeu a mão pra ela.
A ruiva o olhou de cima a baixo, deveria ter a idade próxima de Christopher, mas era um pouco mais alto, tinha os olhos azuis e o cabelo castanho claro, extremamente liso e jogado.
— Marie. – cumprimentou-o.
— Marie? – surpreso.
— Isso. – franziu o cenho. – Algum problema?
— Você sabe algo disso? – pegou o ticket no paletó.
— Sei. – assentiu.
— Seu nome era um dos que me disseram, mas poderia ter outra com o mesmo nome, então fiquei na dúvida. – riu. – Já te deram um desse?
— Ainda não.
— Então. – entregou pra ela. – Teremos tempo pra nos conhecermos melhor.
— Com certeza.
— Eu preciso concluir algumas conversas importantes ainda, mas... – olhou-a de cima a baixo. – Daqui a pouco chamo você e damos o fora daqui.
— Não vou fugir. – piscou discretamente, e então ele afastou.
Já havia encontrado a maneira de sair do lugar, agora só precisava se manter longe do tio e do pai até que Mailon voltasse a se aproximar novamente e ela pudesse sumir dali.
E se tinha algo em que ela era extremamente boa, era em fugir e tornar-se praticamente invisível, se necessário.
Lhe doía o peito apenas o fato de ver Christopher, sabia que provavelmente era a última vez que veria o arquiteto, e por mais magoada que estivesse com ele, ainda era completamente apaixonada pelo homem. Talvez tal sentimento não morreria jamais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Leblon após às 22h
RomanceO primeiro abuso sexual aconteceu aos 12 anos, mas ninguém acreditou quando ela disse. O pai afirmou que a menina só queria chamar a atenção, os irmãos disseram que não passava de um delírio de garota, ela nem era tão bonita assim. A mãe foi silenci...