Parte 44

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12 de Agosto de 2014 – Gávea – Rio de Janeiro, Brasil

— Senhor Espinosa. – a empregada entrou na sala de jantar. – O senhor Uckermann veio lhe ver. Está aguardando no escritório.

— Obrigado, Neusa. – Daniel agradeceu, e logo a empregada se retirou.

— Trabalho tão cedo? – a esposa o encarou. – Daniel, por Deus! Você chega tarde em casa num dia, e no outro seus amiguinhos de trabalho já aparecem aqui antes das 10h da manhã!

— É o arquiteto do nosso principal projeto agora, pare de dar chilique. – levantou-se da mesa. – Vou atendê-lo.

— Nem terminou de comer! – reclamou, mas o marido não lhe deu atenção. – Que inferno!

Ainda sem responder nada, Daniel foi até o escritório, já imaginando que Christopher tivesse notícias de Dulce ou Blanca.

— Christopher? – entrou no escritório.

— Bom dia. – levantou-se do sofá. – Me desculpe vir tão cedo.

— Não, não tem problema algum. – cumprimentou-o. – Não aconteceu nada ruim, aconteceu?

— Não, eu... eu espero que não. Acabei de deixar a sua irmã no hospital, ela ficou de me ligar pra dar notícias depois.

— Passou a noite com ela? – sentou-se no sofá.

— Hm... – sem jeito.

— Numa boa. Só perguntei se esteve com ela, se cuidou dela.

— É, foi só isso. – assentiu. – Ela está bem, Dulce é muito forte.

— Ela tem se portado... – não quis completar. – Ela é incrível.

— É sobre ela que eu preciso falar com você.

— Sei que Alejandro coloca muitas barreiras, mas se vocês dois querem ficar juntos, Christopher... Digo, de verdade, não se preocupe conosco. Nós não podemos prendê-la e sabemos disso.

— Não é sobre isso, embora... eu agradeço o apoio. – sem graça.

— Então o que é? – estranhou. – Algum problema?

— É sobre a Telma. – o empresário estranhou. – Vou direto ao ponto: ela voltou a procurar a Dulce, e a causa é o Antonio.

— Espera. – confuso. – O que? Dulce e Telma ainda...

— Não, ela não trabalha mais pra Telma. – interrompeu-o. – Mas seu tio continua solto, e vocês não fizeram nada pra conter isso.

— É complicado. – passou uma das mãos pelo rosto. – Meu pai está com todo esse problema, e meu tio é o único com paciência pra cuidar dele.  Rafa chegou a falar com o Antonio, ele garantiu que não voltaria a falar com a Dulce.

— Bom, parece que a conversa não adiantou muito. – sério. – Ele tem procurado a Telma, está tentando conseguir a localização da Dulce. Já pediu telefone, endereço, e uma série de coisas.

— O que?

— Telma não gostou disso, mas não foi reclamar com ele. Ela foi atrás da Dulce. Quer que ela cale o seu tio. – bravo. – E deposite um dinheiro absurdo depois.

— Como assim?

— Estamos falando de 50 mil. – direto. – Dulce não tem esse dinheiro, e principalmente, ela não tem meios para calar o seu tio. Você precisa fazer alguma coisa.

— Claro. – assentiu. – Quer dizer... eu vou... vou arranjar a grana pra Dul.

— O dinheiro é o de menos. – tentou não se irritar. – O que mais me preocupa é o Antonio solto.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora