Parte 158

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21 de Dezembro de 2014 – Grupo Marino – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro, Brasil

Christopher entrou na sala, onde Tuca e Lorenzo já o esperavam. Estranhou não encontrar os familiares da noiva ali ou mesmo Mateus, mas não questionou, entrou em silêncio e seguiu até a cadeira perto da mesa.

— Boa tarde. – disse com educação e certo receio.

— Boa tarde, Christopher. – Tuca lhe sorriu. – Obrigada por ter vindo tão rapidamente.

— Claro. – disse de imediato. – Se é sobre a Dulce, pode me ligar a qualquer hora do dia. Eu venho.

— É sobre ela. – Lorenzo o olhou. – Imagino que já saiba o que houve mais cedo entre ela e o Daniel e...

— Não. – franziu o cenho. – Não sei o que houve. Daniel me ligou mais cedo, mas eu... eu não consegui falar com ele. O que houve?

— Dulce ficou muito nervosa com ele. Ele foi tentar ajudá-la, mas ela se assustou e acabou provocando uma reação bastante agressiva. – Lorenzo explicou. – O que interrompeu os planos que tínhamos de fazê-la sair do quarto.

— Ela não quis ou simplesmente não podem tirá-la agora?

— Ela não quis. – Tuca suspirou.

— Voltou a se esconder embaixo do cobertor e não quis sair de jeito algum. – Lorenzo disse e o arquiteto levou as mãos ao rosto.

— Quando acho que demos um passo para frente, percebo que simplesmente conseguimos andar cinco para trás. – desabafou. – Não tem outra maneira de fazermos isso? Sinto que as coisas simplesmente não estão evoluindo com ela assim, eu não... eu não a vejo parar de sofrer.

— Christopher, danos psicológicos são difíceis. – Tuca soou compreensiva. – Não é por que não vemos um machucado que ele não existe.

— Sei que ela está machucada, sei que sofre, e é isso que me consome. – confessou. – É vê-la sofrer, não poder fazer nada, e não sentir que ela vai sair dessa. É a paciente de vocês, é a amiga do seu filho, mas pra mim... aquela garota é o amor da minha vida. Ela é a minha noiva, ela é com quem eu quero passar o resto dos meus dias, ela é simplesmente tudo o que me importa nessa vida. Ela é tudo! Vê-la sofrer me mata, e daria qualquer coisa pra sofrer no lugar dela.

— Querido, eu sei disso. – Tuca levantou-se e lhe tocou o ombro. – Sei que Mateus daria tudo pra vê-la melhor, e sei que você faria ainda mais por ela. Eu compreendo.

— Não, não compreende! – disse firme. – Me desculpe, mas ninguém realmente compreende, porque ela não é a noiva de ninguém mais! Porque somente nós dois sabemos o que vivemos todo esse tempo, e só... só eu sei a falta que ela faz todos os dias, o tempo inteiro.

— Não quero tirar a sua razão. Nós realmente demos alguns passos para trás, hoje, você está certo.  – Lorenzo o olhou. – Mas também demos alguns pra frente.

— Como? – a pergunta beirou a ironia.

— Ela me falou de você. – contou e o arquitetou arregalou os olhos. – Foi a primeira vez que desabafou com sinceridade sobre você.

— O que ela disse? – sentiu-se tomada por uma repentina esperança. – O que ela comentou? Ela quer me ver? Eu posso vê-la agora?

— Não chegamos tão longe. – disse, e o homem frustrou-se. – Mas foi importante. Ela pôde admitir em voz alta o quanto sente a sua falta, lembrar-se da felicidade que tinham juntos, o quanto ela se sentia protegida e... – viu o arquiteto abaixar o rosto e chorar em silêncio.

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora