Parte 97

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24 de Novembro de 2014 – Botafogo– Rio de Janeiro, Brasil

Dulce pegara o transporte público particularmente bastante cheio naquela segunda-feira e não conseguiu sentar-se em nenhum momento.

Desceu do ônibus mais de uma hora depois e foi caminhando o restante do trajeto até a revista. Aproveitou tal momento para abrir a carta que o noivo lhe entregara.

— Ué... – rasgou a embalagem. – Vogue?

Dulce Maria Espinosa,
É com imenso orgulho que a VOGUE lança a coleção de Verão 2015 Get Lucky!
Save the date: 01 de dezembro às 19 horas no Coliseum
Programação
- Desfile de apresentação da coleção
- Presenças confirmadas de Camila Coelho e Marina Ruy Barbosa

— Certo... – Dulce riu sozinha diante de tal convite.

Além da presença da família paterna, havia algo mais naquela vida de luxo que ela jamais gostara: a falsidade.

O convite de Jeanne tinha uma razão óbvia e que vinha bem destacada no início do fino papel: Dulce Maria Espinosa

A mulher jamais tivera que chamá-la de tal forma, e agora parecia fazer estranha questão de dizê-lo. Pensaria a respeito do convite mais tarde.

— Dulce! – Adélia chamou a atenção da morena, que só então percebeu que já estava em frente à revista.

— Bom dia, Adélia! – guardou rapidamente o papel na bolsa.

— Bom dia, querida. – aproximou-se e logo lhe deu dois beijos no rosto. – Que bom que chegou cedo, precisava muito falar com você.

— Comigo? – sorriu prontamente. – Claro! Estou disponível. É sobre a abertura da temporada?

— Bem... não. – franziu levemente o cenho. – Tenho entendido que você está lidando bem com isso, não é?

— Perfeitamente! – sorriu orgulhosa. – Mas posso te mostrar como estão andando as coisas, se quiser. Estamos dentro do prazo e do orçamento.

— Você me traz justamente a tranquilidade que preciso. – olhou-a. – E quero esse seu feedback, mas antes disso, preciso de uma indicação.

— Claro. – assentiu rapidamente.

— Tássia me ligou no fim de semana, me disse que irá embora. – entraram na empresa e acenaram para a secretária. – Conseguiu a bolsa que queria para o mestrado em Portugal.

— Fico feliz por ela. – comentou. – Mas ela me quebra as pernas agora. – riu baixo.  – Eu contava com ela na abertura da temporada.

— Eu sei, eu também. – seguiram até a sala da mulher. – Por isso preciso da sua ajuda agora. Conhece alguém que a substituiria bem? Alguém do mesmo nível, alguém que pudesse...  – a morena sorriu. – Já pensou em alguém?

— Conheço a pessoa perfeita. – animou-se. – Ela estava comigo no freela em que te conheci.

— Ah, Dulce... – riu. – Eu não vou lembrar de detalhes assim, mas confio plenamente na sua indicação. Peça pra ela me encaminhar um currículo.

— Com certeza!

— Aliás, faça melhor. – deixou a bolsa na mesa. – Peça pra ela vir amanhã de manhã... às nove horas.

— Vou ligar para ela agora.

— Aproveita, querida... – pegou algumas pastas. – Pode já revisar isso?

— Claro. – ajeitou a bolsa no ombro e pegou as pastas. – Trago tudo mais tarde.

— Excelente, Dulce, obrigada. – a morena assentiu e despediu-se. – Ah, Dulce?

Leblon após às 22hOnde histórias criam vida. Descubra agora