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Alexia

Dei entrada na upa perdendo muito sangue e inconsciente, não soube responder nenhuma pergunta e principalmente a primeira que ela fez: A senhora sabia da gravidez de risco?

Não, não... Eu não sabia! O que tá acontecendo aqui?!

Como se a palavra "grávida" colasse em minha mente por tempo indeterminado, eu não a tirei do pensamento um minuto sequer pós sua revelação!

Lembro que entrei em desespero perguntando pra médica o que estava acontecendo, ela não me disse nada! Apenas injetou um líquido no meu soro que me fez ficar muito lenta e acordar já em outra sala, um pouco grogue e com Leninha e caio ao meu lado que quando me viram acordar, correram para me abraçar!

Leninha: Ô amiga, não faz isso comigo não! - Ela chorava.

Alexia: Eu tô grávida, amiga? - Perguntei já chorando vendo ela negar com a cabeça, - Não? Não o que???!

Caio: Alexia, calma... - Pediu tocando na minha mão, - A criança era muito novinha pra aguentar, amiga. Vc perdeu muito sangue....

Alexia: Não, Caio! O Levi.... - neguei com a cabeça, - como eu deixei isso acontecer??! como??! Como que... - procuro palavras, nervosa, perdida...

Leninha: O Levi ligou pra a gente desesperado, ele não sabe o que tá acontecendo, tá ligando de minuto em minuto e eu não quis contar nada! - limpa o rosto, - Deixei pra vc fazer isso...

Alexia: Eu tô perdida, Leninha! Eu n.. não... Eu não sei nem o que falar, como dizer isso! - soluço entre o choro.

Eu reconhecia meu corpo, sabia que ele estava mudando mas não me deixei levar por segundos pensamentos! Minha menstruação desceu e ficou tudo bem, o fato dela ter permanecido por apenas dois dias, sendo que o normal seria cinco não me deixou preocupada.

Agora aqui deitada nessa cama de hospital depois de ter tido um aborto me faz achar que isso é culpa minha! Pelo descuido, pela falta de atenção. Me preocupei com todos mas não notei a mim mesma, a mudança do meu corpo dando sinais constantes de que eu não estava sozinha, que tinha um serzinho pequeno dentro de mim!

Caio: Shiu...! A gente tá aqui, amiga. Vc não sabia, não teve culpa de nada, não era o momento. - beija minha testa e me Abraça.

Leninha: Tudo é no momento certo, amiga. Não fica assim, por favor... - ela acaricia minha mão.

Eu não soube digerir bem toda a situação, juro que tento me manter forte em todas elas; mas naquele momento eu não tentei segurar a barra, eu só desabei por tudo que já aconteceu e vem acontecendo! Aquele momento eu só chorei tirando todo o pesar das costas, todo o sentimento reprimido, a dor no peito, tudo!

Não sei se foi por conta dos medicamentos, do soro mas eu adormeci. Adormeci e tive um sonho lindo, uma criancinha tão pequeninha me pedindo para não chorar, que eu me mantesse forte por ela e por tudo que ainda estava por vim!

Acordei assustada e arrepiada, não tava querendo acreditar! O sonho era tão verdadeiro que parecia vivo, que eu estava realmente naquela praia linda, em uma calmaria que só ela conseguia me transmitir! E era tão lindinha, meu deus! Os cabelos pretos iguais aos meus, os olhos lindos puxados para o mel igualmente aos do pai...

Idas e Vindas (M)Onde histórias criam vida. Descubra agora