Idas e Vindas (M)

37°

Alexia Noronha/Dezembro

Na rua algumas casas já possuíam a decoração para o Natal, até no assunto carnaval já estavam tocando. Minha animação tava zero, não tinha empolgação nenhuma!

Quase três meses depois do ocorrido, venho tentando levar a minha vida para frente. Levantar e seguir em frente de cabeça erguida, sem me importa com os diversos comentários não muitos legais que venho sofrendo.

Povo se amarrava legal em apontar o dedo, julgar! Para mim no início fácil não foi, tu ser o centro das atenções onde mora é horrível! Povo não disfarçava mesmo, era piadinha a todo estante e muita falta de noção!

Mas realidade mesmo quem vivia era eu e quem coloca comigo! bater cabeça com terceiros que só sabiam minoria da minha vida era perca de tempo, como já dizia minha madrinha.

Foi um mês sem pôr minha cara pra fora, um mês com pesadelos e sem conseguir pregar o olho direito por uma noite sem achar que invadiriam minha casa para me matar, foi foda! Comecei a tomar alguns remédios para conseguir dormir, passei foi mal de madrugada e quase morri por ter dado efeito colateral!

Um sufoco, muita labuta! Mas tava aqui, de cabeça erguida e seguinte firme e forte! Podia parar não, tinha vindo fazer uma unha hoje na Rocinha. Cheguei super atrasada, moto de Nino tinha dado pau e tava no conserto tinha já duas semanas..

Tem sido tantos dias de luta e outros de glória que já virei faixa preta! O auge, irmã! Buzão lotado, muito aperto, congestionamento e pouca paciência!
Cheguei na rocinha e peguei duas unhas, uma de vidro e outra de gel. Deu cinco horas e tava eu correndo pela estação já que o metrô que eu pegaria tinha acabado de chegar, corri e não foi pouco!

Celular tocou dentro da bolsa e eu peguei, fiquei foi surpresa por ler o nome da dona Laura.. ela não era muito de me ligar, trocamos mensagens sempre quando podemos, mas ligar não.

Ligação 📞
- Oi dona Laura..
- Alexia? Tudo bem, menina? Como tá vc?! - Perguntou.
- Estou bem dona Laura, graças a deus.. e a senhora?
- Estou levando minha filha, nunca mais apareceu por aqui..
- É.. tô muito ocupada ultimamente..
- Vou direto ao ponto, Alexia.. o que aconteceu entre vc e Levi? Seja sincera querida, por favor... - Pediu.

Contei tudo pra ela, do início ao fim. Ela me ouviu calada, pouquíssimas vezes perguntou algo ou me interrompeu.

- Que desgosto, meu deus! Que desgosto, minha filha..! Estou com muita vergonha, estou me sentindo muito envergonhada, Alexia! Eu não criei Levi pra isso, não criei! Eu dei de tudo Alexia, tudo o que podia! É o gênio ruim do pai, aquele coisa ruim!! - Chorou.
- Tá tudo bem dona Laura, pelo amor de Deus.. fica calma! - Falei pra ela já me arrependendo de ter falado tudo.
- Não tem como não ficar calma, Alexia! Ele sabe muito bem o que passei com o pai dele, testemunhou, viu! Pra agora ter agido dessa forma com vc, eu peço desculpas por ele, querida!
- Tá tudo bem, Dona Laura! Tá tudo bem.. - Digo.

Fiquei mais um tempinho conversando com ela, me senti na obrigação de distrai-la um pouco. Me senti muito culpada, mesmo conversando nós duas ali com eu tentando distrai-la, podia sentir a mágoa em sua voz.

Nos despedimos com eu falando que conversariamos um pouco mais tarde,
Cheguei no alemão sete horas e tava exausta. Passei na minha madrinha assim que tomei um bom banho, fiquei ali conversando com ela. A mesma me contava da fofoca da rua de trás, onde o marido pegou a irmã da mulher e foi o maior cacete!